domingo, 27 de fevereiro de 2011

Um pouco sobre as ervas e os Orixás
PDF | Imprimir | E-mail

UM POUCO SOBRE O USO DAS ERVAS

Na liturgia e nos rituais de Umbanda, vemos o uso de ervas seja na forma de amacís, imantações, banhos de descarga, etc. Isso porque as ervas detém grande quantidade de energia vital, no elemento vegetal, que através de suas combinações podem produzir determinado efeito positivo ou negativo, como tudo que é energia no Universo.

As ervas possuem forte poder para atuarem em nossa aura, em nosso campo energético, fato este já conhecido pelos indígenas, e demais povos ancestrais que já as utilizavam para diversos fins.

Como já dito, através do uso de sua energia as ervas podem ser classificadas quanto aos seus efeitos, sejam positivos, negativos ou neutros. Diante desse conhecimento, a Umbanda utiliza-se desse elemento para desenvolver seus rituais, seus descarregos, curas ou fortalecimentos, tudo comandado pelas entidades espirituais que determinam o uso apropriado do elemento vegetal conforme o caso.

Uma das formas de utilização das ervas na Umbanda, são na forma de banho. Os banhos de descarrego são usados para eliminar vibrações negativas, limpando o perispírito de miasmas negativos, magia negativa ou mesmo da influência de obsessores. Os banhos de fixação, para adquirir vibrações positivas, vitalizando os chacras do médium de energia positiva para fortalecimento dos processos mediúnicos ou de ligação do espírito encarnado com seus guias e entidades atuantes.

O uso destes banhos são de grande importância e depende do conhecimento e uso de ervas e raízes, nas suas diferentes qualidades e afinidades, que devem entrar na composição dos mesmos, não se podendo facilitar quanto a isso.


Geralmente para banhos deve-se usar as ervas frescas, e este deve ser preparado dentro de um ritual, o qual consiste em:

1. Nunca ferver as folhas junto com a água.

2. As folhas devem ser maceradas ou quinadas e colocadas em vasilhas de louça, ágata ou potes de barro.

3. Em alguns casos, quando não houver necessidade de água quente, as ervas devem ser quinadas diretamente sobre a água.

4. É conveniente usar sempre água de boa qualidade, como pôr exemplo: água de mina, de poço ou água mineral.

Ocorre uma diferenciação, também, na forma em que se deve tomar o banho. No de descarrego, deve-se molhar do pescoço para baixo, jamais a cabeça; já no banho de fixação, este deve ser tomado de corpo inteiro. Não se deve enxugar o corpo totalmente após os banhos indicados na Umbanda, para que haja maior captação ou eliminação da energia propiciada pelas ervas usadas no banho.

Deve-se, após o banho, as ervas utilizadas serem jogadas, de preferência em lugares de água corrente, como rios ou mar.

Há banhos para todos os Orixás e Entidades e muitos banhos têm dia e hora certos para tomar.

As ervas são também usadas no ritual do amaci.

Amaci é um banho de ervas que se faz no médium iniciante na Umbanda com as ervas específicas do Orixá de cabeça do médium, este banho é dado inclusive na cabeça do médium e tem a finalidade de limpar o campo astral e preparar o médium para entrar na corrente mediúnica, é uma preparação, uma espécie de primeira confirmação do médium na corrente mediúnica, é um vínculo energético do médium com o seu Orixá, com a casa e com o seu Pai no Santo porque somente o Pai no Santo pode dar este banho (entendam banho, como sendo a colocação do amací na coroa do médium) e colocar a mão na cabeça do médium.

A partir deste ponto o médium é um médium de Umbanda e está energeticamente vinculado ao seu Orixá.

Também visa propiciar ao médium maior contato com seus Orixás de Coroa, devendo o dirigente do templo colher as ervas de todos os Orixás, uma de cada pelo menos, e colocá-las quinadas dentro do preparo que será feito com as quatro águas (mar, cachoeira, chuva e fonte/mineral), com 3 (três) dias de antecedência do ritual do Amaci.

Além do amaci conforme descrito anteriormente, ao qual o médium se submete ao entrar para um templo de umbanda, anualmente é feito este ritual com a finalidade de preparar o médium para receber as energias vibrantes do terreiro, além de oferecer ao filho de fé a limpeza de seu campo áurico, bem como confirmar as entidades trabalhadoras da coroa daquele médium.

AS ERVAS DOS ORIXÁS

Abaixo estão relacionadas as ervas mais conhecidas e usadas na Umbanda para banhos e outras finalidades.

Oxalá - Boldo ou Tapete de Oxalá; Saião ou Folha da Costa ; Manjericão ou Alfavaca Branca ; Sândalo; Patchuli; Colônia; Alfazema; Algodoeiro; Capim Limão; Girassol; Maracujá; Jasmim; Erva Cidreira. entre outras.

Xangô - Levante ou Elevante; Quebra-Pedra; Fortuna ; Erva Lírio; Pata de Vaca; Pára-Raio; Gervão Roxo; Manjericão Branco; Erva de Santa Maria; Malva Branca; Sucupira; Limoeiro; Café; Alecrim do Mato, entre outras.

Ogum - Espada de São Jorge; Peregum Folhas Amarelas e Verdes; São Gonçalinho; Aroeira; Vence-Demanda; Comigo-Ningém-Pode; Romã; Jurubeba; Mangueira; Pinheiro; Goiabeira; Abacateiro; Canela, entre outras.

Obaluaiê (Omulu) - Hera; Canela de Velho; Assa-Peixe; Erva-de-Passarinho; Levante ou Alevante; Jurubeba; Manjericão Roxo; Camomila; Babosa; Mamona Branca; Aroeira; Jamelão; Carnaúba, entre outras.

Yemanjá - Manjericão; Colônia; Saião; Levante; Jasmim; Malva Rosa; Lágrimas de Nossa Senhora; Pata de Vaca; Parreira; Camomila ou Macela; Poeijo; Trevo; Violeta; Boldo; Alaga Marinha; Gerânio, entre outras.

Oxóssi - Alecrim do Campo; Peregun Verde; Mangueira; Chapéu de Coro; Abre Caminho; Vence-Demandas; Jureminha; Erva Doce; Pitangueira; Romã; Sabugueiro; Malva Rosa; Levante; Capim Limão; Violeta, entre outras.

Nanã - Erva Quaresma; Manjericão; Agoniada; Mostarda; Agrião; Bertalha; Espinafre; Hortênsia; Cedinho; Erva-Cidreira; Camomila; Beringela; Erva-Mate; Avenca; Jaqueira; Cavalinha, entre outras.

Oxum - Jasmim; Erva -Cidreira; Colônia; Agoniada; Camomila; Lágrimas de Nossa Senhora; Erva Doce; Lírio Amarelo; Mamão; Boldo; Vitória-Régia;Gengibre;Melancia;Agrião; Melão; Coentro; Celidônia, entre outras.

Yansã - Pára-Raio; Dormideira; Erva Santa Bárbara; Cana do Brejo; Erva Prata; Gervão Roxo; Anil.; Violeta; Losna; Arruda; Orquídea; Mal-me-quer; Alfazema; Anil; Cipó Azogue; Alfazema de Caboclo, entre outras.

Ibeji - Amoreira; Anil; Alfazema; Abre-Caminhos; Parreira; Colônia; Erva-Cidreira; Pitangueira; Camomila; Erva Doce; Cajá; Morango; Capim Limão; Lírio; Benjoim; Tangerina; Fruta de Conde; Hortelão, entre outras.

Exú - Vassourinha; Fumo; Babosa; Tiririca; Bananeira; Pinhão Roxo; Vence-Demandas; Comigo-Ninguém-Pode; Jurubeba; Urtiga; Amendoeira; Bambu, entre outras.

ERVAS PARA AFASTAR MAUS ESPÍRITOS

São usadas para fazer Sacudimentos de Pessoas e Ambientes como: Losna; Cipó; Comigo-Ninguém-Pode; Fumo; Alho; Crisântemo; Bananeira; Abre-Caminhos; Espada de São Jorge; Pinhão Roxo; Guiné; Mamona, entre outras.

ERVAS PARA AMULETO

Usadas com a finalidade de Proteção e Segurança, são as seguintes: Alfavaca ou Manjericão; Guiné; Arruda; Indirí; Alecrim; Canela Preta; Espada de São Jorge, entre outras.

ERVAS CONTRA FEITIÇOS

Betônica; Briônia, entre outras

ERVAS PARA TRABALHO

Tais como Imantação de Otás, Materiais de Culto, para o ORI, são elas: Obi; Orobô; Urucum; Dandá; Erva de Passarinho; Pimenta; Bejerecum; Bálsamo de Tolu; Choupo; Amansa-Besta; Canela; Aridam, entre outras.
E-mail

XANGÔ

Olorum gera tudo em Si, e uma de Suas gerações é a Justiça Divina, que dá o devido equilíbrio a tudo o que gera. Essa Sua qualidade equilibradora está em tudo e em todos, e mantém toda a criação divina em equilíbrio e harmonia, dando a tudo um ponto de equilíbrio. Olorum gerou nessa Sua qualidade equilibradora de tudo e de todos, uma divindade que é em si mesma o equilíbrio divino que dá sustentação a tudo o que existe, tanto animado quanto inanimado, surgindo o Trono da Justiça Divina, divindade unigênita porque é o Orixá do equilíbrio, da razão e do juízo divino. Deus é justo e tudo o que gera, gera com equilíbrio, pois tudo atende a uma vontade Sua, às Suas criaturas, espécies e seres.

E Xangô, o Orixá da Justiça, independe de nossa vontade para atuar sobre nós, já que ele é em si mesmo essa qualidade equilibradora do nosso Divino Criador. Xangô, por ser unigênito e ter sido gerado em Deus, é em si mesmo a Justiça Divina que purifica nossos sentimentos com sua irradiação incandescente, abrasadora e consumidora das emotividades. Mas Xangô, enquanto qualidade divina, está na própria gênese das coisas como a força coesiva que dá sustentação à forma que cada agregado assume, ou seja, ele está na natureza das coisas como o próprio equilíbrio, pois só assim elas não deixam de ser como são. Ele tanto é o ponto de equilíbrio que dá sustentação à estrutura atômica de um átomo, como é a força que dá estabilidade ao universo e a tudo o que nele existe., seja animado ou inanimado. Xangô também gera em si a qualidade onde foi gerado. Mas ele também gera de si essa sua qualidade equilibradora e a transmite a tudo e a todos.

Quem absorvê-la, torna-se racional, ajuizado e ótimo equilibrador, tanto dos que vivem à sua volta como do próprio meio em que vive. Um juiz é um exemplo bem característico dessa qualidade equilibradora irradiada por Xangô, e não importa que o juiz seja um “filho” de outro Orixá, pois a manifestará naturalmente, já que a justiça humana é a concretização da Justiça Divina no plano material. Um juiz não consegue dissociar-se da qualidade da Justiça, à qual serve com toda a sua capacidade mental e intelectual, mas nunca emotivamente, pois é um racionalista nato. Esta qualidade equilibradora está presente em todos os processos divinos (criação e geração). Por isso, assim que algo alcança seu ponto de equilíbrio, o processo criador ou gerador é paralisado e o que foi criado ou gerado estabiliza-se e adquire uma definição só sua que o qualificará dali em diante.

Com isto explicado, podemos entender a importância que tem essa qualidade divina, que na Umbanda a vemos nos procedimentos retos, justos e ajuizados dos caboclos de Xangô. Por isso, quando evocamos a presença dele, só o fazemos se for para devolver o equilíbrio e a razão aos seres e procedimentos desequilibrados e emocionados, ou para clamar pela Justiça Divina, que atuará em nossa vida anulando demandas cármicas, magias negras, etc., devolvendo-nos a paz, harmonia e equilíbrio mental, emocional, racional e até nossa saúde, pois para estarmos saudáveis, devemos estar em equilíbrio vibratório também no corpo físico. Observem que o equilíbrio proporcionado por Xangô não se limita só a um aspecto de nossa vida, já que ele, enquanto qualidade equilibradora, está em todos.

Xangô é o Trono de Deus gerador e irradiador do fator equilibrador, mas o limitamos quando deixamos de recorrer a ele para ajudar-nos em todos os aspectos e só o fazemos para anular demanda ou impor a Justiça Divina na vida dos seres desequilibrados.

Oferenda: velas brancas, vermelhas e marrom; cerveja escura, vinho tinto doce e licor de ambrósia; flores diversas, tudo depositado em uma cachoeira, montanha ou pedreira.
E-mail

RUBENS SARACENI FALA SOBRE

A MAGIA DIVINA



A Magia Divina, ao alcançar a sua IV egrégora com 4.444 magos iniciados na magia do fogo, começa a adquirir visibilidade, respeitabilidade e admiração por duas razões:

1ª) O número expressivo de praticantes e a diversidade cultural, religiosa e profissional das pessoas que a praticam.

2ª) A sua aceitação cada vez mais acentuada, fazendo com que ela cresça consideravelmente.

Mas para chegarmos a este ponto, uma história se fez e alguns fatos marcantes devem ser lembrados. Vamos a eles?!?

Lembro-me que em maio de 1999, quando iniciamos o seu ensino em salas de aula nos espaços esotéricos, fomos muito criticados por ensinarmos magia de forma aberta, algo inusitado, temerário e antes nunca tentado, já que ela até então era vista e ensinada através dos métodos tradicionais, ocultistas ou hermetistas.

A tudo ouvi e assimilei como reações naturais ao novo e inovador método criado pelo astral superior e por mim, para semearmos a Magia Divina, a magia do terceiro milênio.

Alcançamos a I egrégora (1.111 magos do fogo) e provamos que éramos capazes de levar a bom termo missão de tão grande envergadura e de alcance planetário; o astral superior autorizou a abrir outras magias fundamentadas em outros elementos e em outros poderes divinos, desde que mantivéssemos o mesmo método de ensino e de iniciação, padronizando uma técnica iniciatória e tradicionalizando-a para que futuramente ele viesse a universalizar-se e a substituir os métodos anteriores de iniciação na arte magna.

Hoje, novembro de 2003, quatro anos e meio depois de abrir os dois primeiros grupos de estudo da magia divina, e já com 4.444 magos do fogo iniciados por mim, ela tornou-se uma realidade luminosa na vida de seus praticantes e das pessoas beneficiadas pelo trabalho deles.

A Magia Divina que ensinamos está aberta a todos, independente de sua formação cultural, profissional ou religiosa, podendo ser praticada por todas as pessoas de boa vontade.

Mesmo aos nossos críticos ela está aberta e disponível...

Portanto, juntem-se a nós ou saiam do nosso caminho de luz porque do vosso caminho de trevas nós já nos afastamos e a ele não desejamos retornar...

E se hoje já somos 4.444 magos, tornando realidade as proféticas palavras do nosso amado mestre Seiman Hamizer Yê, daqui a dez anos concretizaremos outra de suas profecias: a de sermos 444.444 magos iniciados na magia divina...Ou quem sabe até mais, não é?!?

Aos meus críticos, quero dar o meu muito obrigado, pois foram suas críticas e suas ofensas que tornaram-me tenaz e perseverante, levando adiante algo que, se não fosse divino, não teria crescido tanto em tão pouco tempo e não seria tão criticado pelos que trilham o caminho sombrio,das trevas, da ignorância humana sobre as vontades divinas.

A quem ler este meu comentário, aceite meu convite e venha juntar-se a nós, sem que tenha que renunciar suas crenças ou suas práticas. Apenas somarão conosco e todos nos fortaleceremos na luz da Magia Divina.

Aos 4.444 magos do fogo, eu digo:

- Irmãos magos, sejam tenazes e perseverantes pois, se acreditaram em mim e na Magia Divina, ainda temos que universalizá-la alcançando a egrégora dos 7.777 magos do fogo e elevá-la a todos os lares, a todas as religiões e a toda a humanidade, cumprindo o nosso compromisso com o Senhor Deus e Nosso Senhor.

- Irmãos magos, a vossa missão ainda não começou. Apenas estão sendo preparados por Deus para que, quando vocês iniciarem-na, honrem-me como vosso mestre, tornando-se todos vocês mestres dos seus futuros discípulos e honrem Deus com o que de melhor têm em si: o desejo de praticarem o Bem e esta Magia Divina em benefício de todos... Da humanidade que somos todos nós!!!

Que Deus abençoe a todos e que todos recebam o meu mais fraterno abraço no amor que temos por Ele!





Pai Rubens Saraceni.


< Anterior Próximo >
Reflexão

“Imaginemos cada quadrante do universo visível e invisível sendo varrido pelo fluxo contínuo e ordenado de uma Vontade Superior; imaginemos células macrocósmicas e microcósmicas organizadas rigidamente no sentido de garantir este ordenamento.

Imaginemos todas as formas possíveis, das mais densas às mais sutis, todos os seres e criaturas reunidos numa explosão de vida que perpassa todas as dimensões, submetidas a ciclos vitais inexoráveis; imaginemos a Presença Divina em cada gesto, em cada palavra, em cada vontade nutrida procurando o bem de todos e o consolo de cada um.

Imaginemos tudo isto acontecendo simultaneamente, e estaremos começando a penetrar no universo sublime e maravilhoso do Ritual de Umbanda Sagrada.”

(extraído do livro “O Código de Umbanda”, de Rubens Saraceni).
Quem é Pai Benedito de Aruanda?

Pai Benedito de Aruanda, que em sua última encarnação nasceu na África e ainda menino foi

trazido à força para o Brasil para trabalhar como escravo em 1602, desencarnou cerca de 30 anos depois, ainda novo, com quarenta anos de idade.

Aqui, no Plano Material e na região de Recife, foi ini­cia­do por sacerdotes africanos também escra­vizados, mas que tinham relativa liberdade por­que viviam na propriedade de um “senhor de engenho” que fazia vista grossa para a religio­sidade dos seus escravos.

O país de origem de Pai Benedito de Aruanda atualmente é conhecido como Moçambique. Ele desencarnou e permaneceu aqui, no astral brasi­leiro, auxiliando seus afins ainda encarnados, sendo que as divindades cultuadas pelo seu povo ou nação não recebiam o nome de Orixás, pois estes ele só veio a conhecer por volta do ano de 1810, quando da chegada de milhares de escra­vos trazidos da região hoje conhecida como Ni­géria cuja religião era mais elaborada e mais bem fundamentada que a que ele havia se iniciado, quando vivia no plano material.

Sua identificação com os Orixás nagôs foi ime­diata porque já vinha se dedicando a amparar e auxiliar as pessoas e os espíritos de escravos que desencarnavam, já há quase 150 anos, foi acolhido no seio do Culto aos Orixás como um benfeitor dos menos favorecidos e da huma­nidade e os Sagrados Orixás abriram-lhe os portais de acessos aos seus Mistérios Divinos, nos quais ele foi iniciando-se, vindo a se tornar com o passar do tempo uma manifestador espiritual dos mis­térios nos quais havia se iniciado.

Atuou como mentor espiritual de vários mé­diuns que seguiam o Culto dos Orixás e quando houve a fundação da Umbanda ele foi convocado para integrar-se a ela e a trazer para dentro dela o seu grupo de espíritos afins, todos preparados por ele no lado espiritual e já atuando como Guias Espirituais ou protetores dos seus afins encar­nados.

Na Umbanda, “fundou” duas linhas de traba­lhos espirituais, sendo que uma é a dos “Pretos Velhos Pai Benedito de Aruanda” e a outra é a dos “Caboclos Flecheiros”.

- Na linha dos Pretos Velhos ele acomodava es­píritos cuja última encarnação fora como ne­gros.

- Na linha dos Caboclos Flecheiros acomodava espíritos cuja última encarnação fora como índios.

Essas duas linhas de trabalhos espirituais umbandistas foram fundadas no astral por Pai Benedito de Aruanda e cresceram tanto dentro da Umbanda que hoje vemos muitos espíritos incorporados em seus médiuns apresentarem-se como Prestos Velhos “Pai Benedito de Aruanda” ou como “Caboclos Flecheiros”.

Onde manifestar-se um Preto Velho com esse nome, lá está um espírito da sua hierarquia “africana”. E onde manifestar-se um Caboclo Flecheiro lá está um espírito da sua hierarquia “indígena”.

“Só não devemos confundir Pai Benedito de Aruanda, o hierarca dessas duas linhas de Umbanda com os espíritos que apresentam-se com um desses dois nomes simbólicos, pois muitos já são os Pais Beneditos de Aruanda e muitos são os Caboclos Flecheiros”.

Seu amor e dedicação aos espíritos e à hu­manidade já o distinguem como um dos luminares do nosso abençoado Planeta e já o distinguiu co­mo um dos mentores espirituais da religião umbandistas.

Amor e dedicação são as qualidades que mais se destacam nesse espíritos abnegado que, diante dos Sagrados Orixás, consagrou-se por inteiro e em todos os sentidos à humanidade.

Nesse ano de 2008, quando comemoramos o primeiro século de existência da Umbanda, rendemos nossa homenagem a esse amoroso e dedicado semeador do Culto aos Orixás dentro da Umbanda.

- Pai Benedito de Aruanda, nosso muito obrigado!

Que o Divino Criador Olorum mais uma vez o aben­çoe, pois abençoado sempre fostes. Bendito sejais por toda a eternidade, Bendito Pai Benedito de Aruanda!
E-mail

O Caminho

Eu caminho o caminho que me traçou o Senhor dos meus caminhos. Se eu caminho pelo Seu Caminho, então estou no meu caminho.

O meu caminho é o caminho dos que caminham em busca do Caminho sem se desviarem por outros caminhos.

No meu caminho eu tenho a trilha que me conduz ao Senhor do meu caminho.

Todos os caminhos conduzem ao Senhor dos Caminhos, mas eu tenho o meu caminho e não busco outro caminho para chegar ao Senhor do meu caminho.

No meu caminho muitos buscam o Senhor dos Caminhos. E muitos encontram os seus caminhos guiando-se pelo Senhor dos Caminhos.

Mas muitos se perdem pelos caminhos, ao quererem encontrar no meio deles, o Senhor dos Caminhos.

O Senhor dos Caminhos é o próprio Caminho por onde eu caminho.

Eu não busco o Senhor do meu caminho no seu final, pois ele se acha no lado direito do meu caminho.

O meu caminho tem dois caminhos: um caminho que sobe e outro caminho que desce. Mas às vezes, ao descer no meu caminho, estou subindo na minha caminhada e noutras vezes, ao subir no meu caminho, estou descendo na minha caminhada, pois o caminho pertence ao Senhor dos Caminhos e ninguém passa pelos caminhos sem ser visto por Ele.

Se cada um fizer seu caminho sem olhar os outros caminhos e nem desviar ninguém de seu caminho, então ele já é um caminho do qual se serve o Senhor dos Caminhos.

Muitos vão e muitos vêm. Muitos sobem e muitos descem. Quem muito subiu no seu caminho, às vezes volta pelos diversos caminhos que possui o Senhor dos Caminhos para que possa ver que existem muitos outros caminhos !

Quem pouco subiu no seu caminho, às vezes volta ao início e recomeça em outro caminho a sua caminhada rumo ao Senhor dos Caminhos, que a todos observa.

Se encontro muitos espinhos, deles não posso me desviar porque foi Ele quem os pôs no meu caminho só para que, ao me ferir, eu saiba e aprenda que o meu caminho não é melhor do que qualquer outro, apenas é o meu caminho!



Se o meu caminho está ressecado, eu tenho que aguá-lo com minhas lágrimas, pois este é o meu caminho, e ele não pode estar seco. Mas se meu caminho se encharcar com meu pranto, eu tenho que enxugá-lo, pois ele não pode ser muito úmido senão irei me afundar no lodo que se criará no meu caminho.

O meu caminho não é o melhor dos caminhos, mas é o meu caminho. Se eu fizer uma boa caminhada, estarei fazendo um bom caminho por onde outros, ainda sem um caminho, poderão iniciar suas caminhadas rumo ao Senhor dos Caminhos.

Eu olho para todos os caminhos e vejo somente caminhos. Todos pertencem e nos conduzem ao Senhor dos Caminhos.

No meu caminho, eu tenho, no momento da sede, a fonte de água fresca; no momento da fome, o pão sagrado; no momento de dor, o bálsamo que alivia; no momento de tristezas, tenho o sorriso amigo que alegra a minha alma; nos momentos de angústia, a paz que tranqüiliza meu espírito; nos momentos de aflições, a palavra que consola; nos momentos de desespero, a calma que pacifica o meu coração; nos momentos de alegria, a palavra de agradecimento a quem a propicia.

Pois este é o meu caminho e nele, de tudo há um pouco. Mas no meu caminho não há lugar para outro que não seja a trilha única que me conduz ao Senhor dos meus caminhos.

Que cada um caminhe o seu caminho consciente de que todos os que caminham os muitos caminhos do Senhor de todos os caminhos, por Ele foram abençoados ao iniciarem suas caminhadas. Que eu não olhe com desprezo para os que estão parados no meio do caminho, pois eles podem estar apenas descansando e reiniciarão suas caminhadas assim que conseguirem forças para isso.

Mas, se ao caminhar no meu caminho, eu tiver que diminuir um pouco a minha jornada só para ajudar alguém que caminha com dificuldade, muito terei avançado.

Se eu repartir o meu pão com alguém que tem fome, não precisarei de muitos pães para aplacar a minha fome, se eu repartir a minha água com alguém que tem sede, terei saciado a minha própria sede.

Se no meu caminho eu ajudar alguém a encontrar o seu próprio caminho, então eu sou parte de um caminho por onde muitos podem caminhar.

No meu caminho, eu caminho com o Senhor dos Caminhos que sempre guia àqueles que com Ele querem caminhar, pois assim diz o Senhor dos Caminhos: “Se tu caminhas os Meus caminhos, contigo Eu sempre caminharei nos vossos muitos caminhos, que são todos caminhos Meus.”



Amém.

Esta prece foi retirada do livro “A Longa Capa Negra”, página 329, romance mediúnico psicografado por Rubens Saraceni.
Por que assentar o Exu Guardião?

Todos os que conhecem a Umbanda e os demais cultos afro brasileiros sabem que, antes de qualquer trabalho ser iniciado, é preciso ir até a tronqueira ou casa de Exu e firmá-lo, para que ele possa atuar por fora do espaço espiritual do templo (Tenda ou Ilê Axé), protegendo-o das investidas de hordas de espíritos “caídos” que estão atuando contra as pessoas que buscam auxílio espiritual e religioso que possa livrá-las dessas perseguições terríveis.

Para que um trabalho transcorra em paz, harmonia e equilíbrio, e para que os guias espirituais possam atuar em benefício das pessoas e trabalhar os seus problemas, é preciso que tronqueira esteja firmada, porque assim, ativada, ela é um portal para o vazio relativo regido pelo senhor Exu guardião ligado ao Orixá de frente do médium dirigente do templo.

Um Exu guardião é assentado na tron­queira, e vários outros são “firmados” dentro dela, sendo que estes estão ligados a outros senhores Exus guardiões de reinos e de domínios regidos por outros Orixás.

Os outros não podem ser assentados, senão dois vazios relativos se abrem “ao redor” do espaço espiritual “interno” do templo, e a ação de um interfere na do outro.

Um só Exu guardião é assentado, e todos os outros são só “firmados” na tronqueira, pois, se dois forem assentados na mesma, a ação de um interferirá na ação do outro vazio relativo aberto no “lado de fora” do templo.

Assentar o Exu e a Pombagira guardiã no mesmo cômodo ou “casa de esquerda” é aceitável, porque o campo de ação dele se abre no “lado de fora” e o campo dela abre-se para dentro do “lado de dentro” do templo, criando apolarização com o campo do Exu guardião.

• O campo do Exu guardião é o vazio relativo que se abre no lado de fora do espaço espiritual interno do templo.

• O campo da Pombagira guardiã é o “abismo” que se abre para “dentro”, a partir do espaço espiritual interno do templo.

• Esses dois Orixás são indispensáveis para o equilíbrio de um trabalho espiritual, porque um atua por fora e o outro atua por dentro do templo.

• Um se abre para fora, repetindo o mistério das realidades, e o outro se abre para dentro, repetindo o mistério das dimensões.

• Exu retira do “espa­ço infinito” tudo e todos que estiverem gerando desequilíbrio ou causando desarmonia.

• Pombagira recolhe ao âmago do espaço in­finito tudo e todos que o estiverem desarmoni­zan­do.

São duas formas pare­cidas de atuação, mas Exu retira, e Pombagira inte­rioriza.

Comparando o espaço infinito com um vulcão, Exu seria o ato de erup­ção, quando ele descarrega a intensa pressão interna. Já a ação de Pombagira, seria a das rachaduras internas , que a pressão abre dentro da crosta, nas quais correm e acumulam-se toneladas de lava vulcânica, que se acomodam e, lenta­mente, se resfriam e se cristalizam, gerando enormes acúmulos de minérios e cristais de rochas.

Exu e Pombagira são indispensáveis aos trabalhos espirituais, porque junto com os consulentes vêm todas as suas cargas energéticas e vibratórias negativas; suas cargas espirituais e elementais que sobrecarregam o espaço espiritual interno, que deve ter essas duas “válvulas” de escape funcionando em perfeita sintonia e sincronizadas com todo o trabalho que está sendo realizado pelos guias espirituais.

Se essas “válvulas” estiverem fun­cionando bem, o trabalho realizado não sobrecarregará os guias espirituais que trabalharam pelas pessoas. Porém se não funcionarem corretamente, eles terão que recolher todas as sobrecargas e irem descarregando-as lentamente nos pontos de forças da natureza, mas à custa de muitos esforços.

Portanto, com isso entendido, espe­ra­mos que os umbandistas entendam o porquê de terem que firmar seu Exu e sua Pombagira antes de abrirem seus trabalhos espirituais.

Exu e Pombagira geram muitos fato­res e executam muitas funções na Criação e, em algumas dessas funções, formam linhas de trabalhos espirituais.

Eles também formam pares. Em algumas oca­siões são complemen­ta­res; em outras, são opos­tos; em outras, são com­plementares e opostos ao mesmo tempo.

Só pelas suas funções aqui já descritas, tornam-se indispensáveis à paz, à harmonia e ao equilíbrio dos trabalhos espirituais realizados pelos médiuns umbandistas, tanto os realizados dentro dos centros quanto os realizados fora dele.

Afinal, não são poucos os médiuns que, movidos pela bondade, vão até a residência de pessoas com graves problemas ou demandas para ajudá-las e, por não tomarem a precaução de firmar Exu e Pombagira antes de trabalhar para elas, ao invés de ajudá-las realmente, só pegam cargas que irão desequilibrá-los também.

Para se fazer um bom trabalho na residência de alguém, assim que chegar, deve-se ir até o quintal, riscar um ponto de Exu, colocar um copo com pinga, firmar as velas nos seus pólos mágicos e invocar o Orixá Exu e o seu Exu guardião, pedindo-lhes que descarreguem todas as sobrecargas e recolham todas as demandas feitas contra os moradores da casa e até contra ela.

O mesmo deve ser feito com Pomba­gira para que, só então, o médium comece a trabalhar espiritualmente, porque, aí sim, todas as cargas e demandas terão por onde ser descarregadas. E mesmo as entidades negativas que tiverem de ser transportadas para que recolham suas projeções negativas virão de forma ordenada e equilibrada, não causando nenhum problema durante o trabalho.

Quando se vai com alguém na natureza para descarregá-lo, tanto o médium deve firmar suas forças em sua casa como deve, pelo menos, firmar Exu ou Pombagira no campo vibratório escolhido, para não ter contratempo algum durante o trabalho de descarr ego na natureza.

São medidas indispensáveis para que um bom trabalho seja realizado e tudo transcorra em paz.

Esperamos ter conseguido transmitir os fundamentos necessários para que o ato de “firmar” a esquerda não seja mal interpretado, e sim visto como indis­pen­sável para que bons trabalhos sempre sejam realizados, tanto em benefício próprio quanto dos nossos semelhantes.





Texto extraído do livro “Orixá Exu - Fundamentação do Mistério Exu na Umbanda” de Rubens Saraceni - Editora Madras.
Pombagira O Mistério Desconhecido



Por Walter Nkosi, especialista em cultura bantú e professor de Kimbundu, a principal língua dessa etnia. Cultura Bantu-Brasileira-Ngamba, o guardião: no Brasil é conhecido por Ngamba, que significa guardião em idioma bantú, e exerce funções semelhantes a Nkomdi. Nos Candomblés de Angola e Kongo, também são denominados Njila/Nzila ou Pambú Njila, o ‘Senhor Guardião do Caminho’, proveniente do idioma kimbundu; pambu (fronteira, encruzilhada...), njila (rua, caminho...), ‘o que caminha nas ruas, estradas, fronteiras, encruzilhadas... As funções atuantes do guardião são atribuídas exclusivamente para um Nkisi masculino, não cabendo a mesma para Nkisi feminino. No entanto, é notório a miscigenação nos candomblés em geral, onde entidades da Umbanda, conhecidas em tempos remotos por ‘povo da rua’ se intitularam erroneamente na atualidade como deidade africana, rei e rainha do candomblé, Pombagira, Legba e entidades exercendo funções masculinas de guardião. A falta de informação sobre a religião direciona os adeptos a práticas religiosas indevidas, propala e contribui para um distanciamento cada vez maior do culto tradicional africano. Urge maior conhecimento e seriedade nos cultos.



Aqui, reproduzimos parte do artigo para que nossos leitores saibam de onde se originou o nome “Pombagira” ou “pombogira” usados atualmente na Umbanda e nos demais cultos afro-brasileiros; é uma corruptela de Pambú Njila, o Guardião dos Caminhos e das Encruzilhadas no culto de nação Bantu, da língua Kimbundu.

Eu já li em outro autor, isso há mais de 30 anos, que o nome “Pombagira” derivava de Bombogira, entidade do culto angola que é muito oferendada nos caminhos e nas encruzilhadas, mui­to temida e respeitada na região africana onde é cultuada.

Há outras informações que nos revelam que Pombogira ou Pombagira ou Bombogira é derivada das “yamins” cultuadas na sociedade matriarcal secreta conhecida como “gelede”.

Se são cem por cento corretas ou só parcialmente, isso fica a critério de cada um, porque o fato é que existem, sim, espíritos femininos que incorporam em suas médiuns e apresentam-se como Pombagiras na Umbanda, assim como nos demais cultos afro-brasileiros.

Suas manifestações, informam-nos os mentores espirituais, são anteriores à Umbanda e já aconteciam esporadica­mente nas “macumbas” do Rio de Ja­neiro, bem descritas no livro As Reli­giões do Rio, de autoria de João do Rio, livro esse reeditado em 2006, mas onde não há uma descrição detalhada dos nomes das entidades, e sim, apenas algumas informações, valiosíssi­mas, ainda que parciais.

Muitos autores umbandistas atribuí­ram-lhe o grau de Exu feminino em razão da falta de informações sobre essa entidade e do fato de manifestar-se nas linhas da esquerda, ocupadas por Exu e por Exu Mirim. Inclusive, alguns a descreveram como esposa de Exu e mãe de Exu Mirim.

Não devemos creditar essas inter­pretações, se errôneas, a ninguém, porque todos fomos vítimas da falta de informação e da desinformação geral, que geraram toda uma forma anômala de descrever as desconhecidas manife­stações de entidades, que também nada revelaram sobre seus fundamentos divinos, e deixaram para a imaginação e a criatividade de cada um os conceitos sobre eles.

Se agora temos espíritos mensa­geiros que estão chegando até nós para que fundamentemos as incorporações umbandistas nas divindades-mistérios, então só temos de agradecer pelo que, finalmente, nos está sendo concedido.

Pai Benedito de Aruanda, o espírito mensageiro que está nos trazendo a fun­damentação dos mistérios que se ma­nifestam na Umbanda, co­bra-nos um ri­goroso respeito pelos um­bandistas que semearam a Umbanda, o culto aos Orixás, as linhas de tra­balhos espirituais, a forma do culto umbandista e os no­mes aportuguesados dos no­mes africanos que nos che­garam, trazidos pe­los nossos antepas­sa­dos vin­dos da áfrica, de toda ela, assim como aos nomes aportuguesados perten­centes ao tronco lingüís­tico tupi-guarani. (...)

O Mistério Pombagira abriu-se por inteiro na Um­banda e tanto pode ser esse quanto outro nome para identificá-lo porque, enquanto Orixá, seu ver­da­deiro nome nunca foi revelado na Teo­gonia Nagô; ele se encontra oculto entre os 200 Orixás desconhecidos, porque a Pom­bagira não foi humanizada no tempo como foram Exu, Oxalá, Iemanjá e todos os outros Orixás do panteão yorubano, muitos deles des­conhecidos pelos um­bandistas e por boa parte dos segui­dores de outros cultos afros. (...)

Portanto, Pambu Njila para o guar­dião Bantu semelhante ao Exu Nagô e Pombagira para a guardiã umbandista, Rainha das Encruzilhadas da Vida e Senhora dos Caminhos à esquerda dos Orixás.

Pomba é um pássaro usado no pas­sado como correio, “os pombos cor­reios”. Gira é movimento, caminhada, deslocamento, volta, giro, etc. Por­tan­to, interpretando seu nome genuina­mente português, Pomba­gi­ra significa mensageira dos caminhos à esquerda, tri­lhados por todos os que se desviaram dos seus originais ca­minhos evolutivos e que se perderam nos desvios e des­vãos da vida.

Pombagira, genui­na­mente brasileira e umban­dista, está aí para acolher a todos os que se encontram perdidos nos caminhos sombrios da vida... ou da ausência dela, certo?



Texto extraído do livro “Orixá Pombagira” de Rubens Saraceni, Editora Madras
POMBAGIRA DE UMBANDA

Na Umbanda, a entidade espiritual que se manifesta incorporada em suas médiuns está fundamentada num arquétipo desenvolvido à partir da entidade Bombogira, originária do culto Angola.

Nos cultos tradicionais oriundos da Nigéria não havia a entidade Pombagira ou um Orixá que a fundamentasse.

Mas, quando da vinda dos nigerianos para o Brasil (isto por volta de 1800), estes aqui encontram-se com outros povos e culturas religiosas e assimilam a poderosa Bombogira angolana que, muito rapidamente, conquistou o respeito dos adoradores dos Orixás.

Com o passar do tempo a formosa e provocativa Bombogira conquistou um grau análogo ao de Exu e muitos passaram a chamá-la de Exu Feminino ou de mulher dele.

Mas ela, marota e astuta como só ela é, foi logo dizendo que era mulher de sete exus, uma para cada dia da semana, e, com isso, garantiu sua condição de superioridade e de independência.

Na verdade, num tempo em que as mulheres eram tratadas como inferiores aos homens e eram vítimas de maus tratos por parte dos seus companheiros, que só as queriam para lavar, passar, cozinhar e cuidar dos filhos, eis que uma entidade feminina baixava e extravasava o ‘eu interior’ feminino reprimido à força e dava vazão à sensualidade e à feminilidade subjugadoras do machismo, até dos mais inveterados machistas.

Pombagira foi logo no início de sua incorporação dizendo ao que viera e construiu um arquétipo forte, poderoso e subjugador do machismo ostentado por Exu e por todos os homens, vaidosos de sua força e poder sobre as mulheres.

Pombagira construiu o arquétipo da mulher livre das convenções sociais, liberal e liberada, exibicionista e provocante, insinuante e desbocada, sensual e libidinosa, quebrando todas as convenções que ensinavam que todos os espíritos tinham que ser certinhos e incorporarem de forma sisuda, respeitável e aceitável pelas pessoas e por membros de uma sociedade repressora da feminilidade.

Ela foi logo se apresentando como a “moça” da rua, apreciadora de um bom champagne e de uma saborosa cigarrilha, de batom e de lenços vermelhos provocantes.

“O batom realça os meus lábios, o rouge e os pós ressaltam minha condição de mulher livre e liberada de convenções sociais”.

Escrachada e provocativa, ela mexeu com o imaginário popular e muitos a associaram à mulher da rua, à rameira oferecida , e ela não só não foi contra essa associação como até confirmou: “É isso mesmo”!

E todos se quedaram diante dela, de sua beleza, feminilidade e liberalidade, e como que encantados por sua força, conseguiram abrir-lhe o íntimo e confessarem-lhe que eram infelizes porque não tinham coragem de ser como elas.

Aí punham para fora seus recalques, suas frustrações, suas mágoas, tristezas e ressentimentos com os do sexo oposto.

E a todos ela ouviu com compreensão e a ninguém negou seus conselhos e sua ajuda num campo que domina como ninguém mais é capaz.

Sua desenvoltura e seu poder fascinam até os mais introvertidos que, diante dela, se abrem e confessam suas necessidades.

Quem não iria admirar e amar arquétipo tão humano e tão liberalizado de sentimentos reprimidos à custa de muito sofrimento?

Pombagira é isto. É um dos mistérios do nosso divino criador que rege sobre a sexualidade feminina. Critiquem-na os que se sentirem ofendidos com seu poderoso charme e poder de fascinação.

Amem-na e respeitem-na os que entendem que o arquétipo é liberador da feminilidade tão reprimida na nossa sociedade patriarcal onde a mulher é vista e tida para a cama e a mesa.

Mas ela foi logo dizendo: “Cama, só para o meu deleite e mesa, só se for regada a muito champagne e dos bons!

Com isso feito, críticas contrárias à parte, o fato é que o arquétipo se impôs e muita gente já foi auxiliada pelas “Moças da Rua”, as companheiras de Exu.

A espiritualidade superior que arquitetou a Umbanda sinalizou à todos que não estava fechada para ninguém e que, tac como Cristo havia feito, também acolheria a mulher infiel, mal amada, frustrada e decepcionada com o sexo oposto e não encobriria com uma suposta religiosidade a hipocrisia das pessoas que, “por baixo dos panos”, o que gostam mesmo é de tudo o que a Pombagira representa com seu poderoso arquétipo.

Aos hipócritas e aos falsos puritanos, pombagira mostra-lhes que, no íntimo, ela é a mulher de seus sonhos... ou pesadelos, provocando-o e desmascarando seu falso moralismo, seu pudor e seu constrangimento diante de algo que o assusta e o ameaça em sua posição de dominador.

Esse arquétipo forte e poderoso já pôs por terra muito falso moralismo, libertando muitas pessoas que, se Freud tivesse conhecido, não teria sido tão atormentado com suas descobertas sobre a personalidade oculta dos seres humanos.

Mas para azar dele e sorte nossa, a Umbanda tem nas suas Pombagiras, ótimas psicólogas que, logo de cara, vão dando o diagnóstico e receitando os procedimentos para a cura das repressões e depressões íntimas.

Afinal, em se tratando de coisas íntimas e de intimidades, nesse campo ela é mestra e tem muito a nos ensinar.

Seus nomes, quando se apresentam, são simbólicos ou alusivos.



- Pombagira das Sete Encruzilhadas;

- Pombagira das Sete Praias;

- Pombagira das Sete Coroas;

- Pombagira das Sete Saias;

- Pombagira Dama da Noite;

- Pombagira Maria Molambo;

- Pombagira Maria Padilha;

- Pombagira das Almas;

- Pombagira dos Sete Véus;

- Pombagira Cigana; etc.



O simbolismo é típico da Umbanda porque na África, ele não existia e o seu arquétipo anterior era o de uma entidade feminina que iludia as pessoas e as levavam à perdição. Já na Umbanda, é o espírito que “baixa” em seu médium e, entre um gole de champagne e uma baforada de cigarrilha, orienta e ajuda a todos os que as respeitam e as amam, confiando-lhes seus segredos e suas necessidades. São ótimas psicólogas. E que psicólogas! “Salve as Moças da Rua”!
Orixá PombaGira

É claro que uma mu­­lher altiva, senhora de si, segura, compe­tentís­si­ma no seu campo de atua­ção, seja ele profis­sional, político, intelec­tual, artístico ou religio­so, impressiona positi­va­mente alguns e assus­ta outros. Agora, se esse imenso potencial também aflorar nos aspectos íntimos dos relacionamentos homem-mulher, bem, aí elas fogem do controle e assustam a maioria como começam a ser estereotipadas como levianas, ninfoma­níacas, etc., não é mesmo?

Liberdade com cabresto ainda é aceitável em uma sociedade patriarcal e machista. Mas, sem um cabresto segurado por mãos masculinas, tudo foge do con­trole e a sociedade desmorona porque não foi instituída a partir da igualdade, e sim, da desigualdade.

Uma mulher submissa, só acostumada e condicionada a sempre dizer “amem”, todos aceitam como amiga, como vizinha, como colega de trabalho, como namorada, como esposa, como irmã, etc., mas uma mulher questionadora, insubmissa, man­dona, contestadora, independente, perso­nalista, etc., nem pensar não é mesmo?

- Pois é!

Não seria diferente em se tratando de espíritos e, para complicar ainda mais as coisas, com eles incorporando em mé­diuns e trabalhando religiosamente para pessoas com problemas gravíssimos de fundo espiritual.

De repente, uma religião nascente e espírita se viu diante de manifestações de espíritos femininos altivos, independentes, senhoras de si, competentíssimas, liberais, provocantes, sensuais, belíssimas, fasci­nan­tes, desafiadoras, poderosas, domina­doras, mandonas, cativantes, encanta­do­ras, cuja forma de apresentação fascinou os homens porque elas simbolizavam o tipo de mulher ideal, desde que não fosse sua mãe, sua irmã, sua esposa e sua filha, certo?

Quanto às mulheres, as Pombagiras da Umbanda simbolizavam tudo o que lhes fora negado pela sociedade machista, repressora e patriarcal do inicio do século XX no Brasil, onde à mulher estava reser­vado o papel de mãe, irmã, esposa e filha comportadíssimas... senão seriam expulsas de casa ou recolhidas a um convento.

Mas, com as Pombagiras de Umbanda não tinha jeito, porque ou deixavam elas in­corporarem em suas médiuns ou nin­guém mais incorporava e ajudava os ne­ces­sitados que iam às tendas de Umbanda.

Só um ou outro dirigente ousava rea­lizar sessões de trabalhos espirituais com as Pombagiras, e a maioria deles preferia fazer “giras fechadas” para a esquerda, pa­ra não “escandalizar” ninguém e para não atrair para o seu centro a polícia e os comentários ferinos sobre as “moças da rua”.

Só que essa não foi uma boa solução porque as línguas ferinas logo começaram a tagarelar e a espalhar que nessas giras fechadas rolava de tudo, inclusive sexo en­tre os seus participantes, criando um mal estar muito grande, tanto dentro do cír­culo umbandista quanto fora dele.

E ainda que tais fuxicos fossem falsos e maledicentes, não teve mais conserto por­que o “vaso de cristal” da reli­gio­sidade umbandista nas­cen­te havia se trincado, e as “moças da rua” já haviam sido estigmatizadas como espíritos de rameiras que incorpo­ra­vam em médiuns mulheres pa­ra fumarem, beberem cham­­­pagne, “gargalharem à solta”, rebola­rem seus quadris, balançarem seus seios de forma provocante e para atiçarem nos ho­mens desejos libidinosos e inconfes­sáveis.

Para quem não sabe, rameira era o nome dado às prostitutas e às “mulheres de programas” do nosso atual século XXI.

O único jeito de amenizar o “prejuízo religioso” que eles haviam causado com suas “petulâncias” foi tentar explicar que não era nada disso, e sim, que as Pom­bagiras eram Exus femininos e, como todos sabem, Exu não é flor que se cheire, ainda que seja muito competente nos seus trabalhos de auxílio aos necessitados de socorros espirituais, certo?

Como “mulher de Exu” ou como Exu feminino, ainda da­va para deixar uma ou ou­tra incorporar na gira deles, mas já submissas a eles, que ficaram encarregados de zelar pela moral e pelos bons costumes delas...

E aí as giras de esquerda foram sendo abertas timidamente e, pouco a pouco e paralelamente, a sociedade estava passan­do por profundas transformações sociais, comportamentais e políticas, em que a poderosa Igreja Católica estava perdendo poder e cedendo à sociedade algumas liberdades religiosas.

Quando os militares assumiram o poder nos anos 60 do século XX e logo entraram em choque com alguns setores do catolicismo arraigados na política, então diminui de forma acentuada a intensa perseguição da polícia sobre as tendas de Umbanda.

Somando à liberdade conseguida no período da ditadura, vieram os movimen­tos feministas que explodiram na América do Norte e na Europa, que conseguiram muitas conquistas para as mulheres.

A par destes acontecimentos, veio a explosão da revolta da juventude, com os Beatles e com Woodstock, que muda­ram os padrões comportamentais dos jo­vens e as relações entre pais e filhos.

Pombagira assistiu a todos esses acon­tecimentos, que se passaram nos anos 1960 e 1970 e, entre um gole de champagne e uma baforada de cigarrilha, dava suas gar­galhadas debochadas, e dizia isto:

- É isso aí, mesmo! Mais transparência e menos hipocrisia!



Trecho extraído do livro “Orixá Pombagira – Fundamentação do mistério na Umbanda” – Rubens Saraceni - Editora Madras.
Oyá

Oiá é a orixá do Tempo e seu campo preferencial de atuação é o religioso, onde ela atua como ordenadora do caos religioso.

O “Tempo” é a chave do mistério da Fé regido pela nossa amada mãe Oiá, porque é na eternidade do tempo e na infinitude de Deus que todas as evoluções acontecem.

A orixá Oiá forma um pólo magnético vibratório e energético oposto ao do orixá Oxalá, e ambos regem a linha da Fé, que é a primeira das Sete Linhas de Umbanda, que são as sete irradiações divinas do nosso Criador. Logo, o campo de atuação de nossa amada mãe Oiá é o campo da fé, onde flui a religiosidade dos seres, todos em continua evolução.

Oiá é a regente cósmica da linha da Fé, e tempo é o vazio cósmico onde são retidos todos os espíritos que atentam contra os princípios divinos que sustentam a religiosidade na vida dos seres. “Tempo”, eis as qualidades, atributos e atribuições negativas de Oiá, de que tanto falamos e alertamos aos supostos pais de Santo ou magos negros que recorrem ao “Tempo” para prejudicar seus semelhantes com seus ebós sujos e suas magias negras.

Oiá é a orixá regente do pólo negativo da linha da Fé, que é a primeira das Sete Linhas de Umbanda e com Oxalá assentado em seu pólo positivo, dão sustentação a todas as manifestações da fé e dão amparo a todos os “sacerdotes” virtuosos e guiados pelos princípios divinos estimuladores da evolução religiosa dos seres. Quando Oiá “vira no tempo”, seja contra um seu filho direto quanto um seu filho indireto (que têm a coroa regida por outros orixás), então sua vida entra em parafuso e só deixará de rodar quando esgotar tudo de desregrado e desvirtuado que nela existia.

Isto é Oiá, amados filhos dos orixás! Mãe religiosa por sua excelência divina, mas mãe rigorosa por sua natureza cósmica, cujo principal atributo junto dos espíritos humanos é o de esgotar o lobo sanguinário que oculta-se por baixo da pele de cordeiro. Enquanto Oxalá é irradiante, Oiá é absorvente, e enquanto os filhos de Oxalá são extrovertidos, os de Oiá são introspectivos e até um tanto tímidos, pois a natureza forte de sua mãe divina exige deles uma certa “beatitude” já que, das mães divinas, ela é a mais ciúmenta por seus filhos amados e a mais rigorosa com os seus filhos relapsos.

Isto é Oiá, amados filhos das nossas amadas mães divinas! Se ela é assim, é porque ela é a orixá que junto com Oxalá, rege a primeira linha de Umbanda, que é a linha da Religiosidade. Logo, os filhos de Umbanda, que têm em Oxalá o divino Pai da Fé, também devem cultuar a divina mãe Oiá. Com ele no pólo positivo e ela no pólo negativo, forma-se o par dos orixás excelsos que regem a linha da Fé e estimulam a religiosidade nos seres.

Salve Mamãe Oiá!!!

(trechos extraídos do livro “O Código de Umbanda Sagrada”, de Rubens Saraceni).
E-mail

Oxumaré

Oxumaré é o Orixá que rege sobre a sexualidade e seu campo preferencial de atuação é o da renovação dos seres, em todos os aspectos.

Oxumaré é um dos orixás mais conhecidos, e no entanto é o mais desconhecido dos orixás dentro da Umbanda, pois os médiuns só cultuam a orixá Oxum, que na linha do Amor ou da Concepção forma com ele a segunda linha de Umbanda.

O aspecto positivo de Oxumaré, que nos chega através das lendas dos orixás, é que ele simboliza a renovação. Isto é verdadeiro. E o aspecto mais negativo é que ele é andrógino, ou parte macho e parte fêmea. Mas isto não é verdade.

É inadmissível que uma divindade planetária tenha essas qualidades bissexuais, que só acontecem em seres com disfunções genéticas que provocam má formação, ou dupla formação dos órgãos sexuais, e em seres com desequilíbrios emocionais ou conscienciais que fazem com que, psiquicamente, eles troquem seus sinais mentais e invertam sua sexualidade.

Portanto, não tem sustentação alguns médiuns, com seus sinais sexuais trocados, alegarem que são homossexuais porque são filhos de Oxumaré e que ele é um orixá que por seis meses é macho e por seis meses é fêmea.

Seres humanos com má-formações emocionais, mentais, genéticas ou conscienciais, no afã de se justificarem, passam às divindades suas vicissitudes humanas e não atentam para um detalhe fundamental: com seus desequilíbrios, estão desfigurando divindades planetárias que existem no mundo desde que Deus o criou, que são imutáveis em sua natureza, seja ela masculina ou feminina, e que regem alguns sentidos dos seres humanos, mas também regem outras dimensões planetárias paralelas à dimensão humana da vida.

Logo, desumanizaram uma divindade que humanizou algumas de suas qualidades, atributos e atribuições somente para acelerar nossa evolução e nos conduzir pelo caminho reto.

Bastará um pouco de bom senso para detectar, nesta caracterização negativa de Oxumaré, uma justificativa de seres com desequilíbrios emocionais, mentais, conscienciais ou genéticos, já que uma divindade é de natureza positiva ou negativa, ativa ou passiva e masculina ou feminina, mas nunca possui as duas em si mesma.

Logo, que cultue um Oxumaré andrógino aquele que é desprovido do bom senso, certo?

“Quem não souber valorizar a religiosidade que o libertará da terra, então que pague caro pela religiosidade que o aprisionará num diletantismo materialista!”

Saibam que é isto que tem feito, e muito bem, este nosso irmão cósmico encarnado que, após ser afastado da Umbanda, criou todo um culto cuja doutrina, ao invés de pregar os valores maiores de Jesus Cristo, tem pregado, religiosamente, os seus próprios valores da “mais valia”. E também tem cobrado de seus fiéis seguidores o justo preço que ele estipulou: tudo o que puder tirar deles para usar em seu próprio benefício, ou de sua “igreja”. Que pague para cultuar Deus quem não aprendeu a amá-Lo e adorá-Lo de graça! Certo?

Oxumaré, tal como revela a lenda dos orixás , é a renovação contínua, mas em todos os aspectos e em todos os sentidos da vida de um ser. Sua identificação com Dá, a Serpente do Arco-íris, não aconteceu por acaso, pois Oxumaré irradia as sete cores que caracterizam as sete irradiações divinas que dão origem às Sete Linhas de Umbanda. E ele atua nas sete irradiações como elemento renovador.

Oxumaré é a renovação do Amor na vida das pessoas. E onde o amor cedeu lugar à paixão, ou foi substituído pelo ciúme, então cessa a irradiação de Oxum e inicia-se a dele, que é diluidora tanto da paixão como do ciúme. Ele dilui a religiosidade já estabelecida na mente de um ser e o conduz, emocionalmente, a outra religião, cuja doutrina o auxiliará a evoluir no caminho reto.

Ou não é comum os testemunhos dados pelos neo-convictos no púlpito dos pastores mercantilistas, que dizem quase todos isto:



“Irmãos, quando eu freqüentava a Umbanda, eu fornicava, traía minha esposa e irmãos, gastava meu ordenado no jogo e nas bebidas, mentia, mas desde que me converti e me entreguei a Jesus, tudo em minha vida mudou. Hoje vivo para minha esposa e filhos, e para Jesus!”.

Sem dúvida, concordamos nós. Mas... porque o mesmo irmão não ouviu os conselhos recebidos nos centros de Umbanda, que, se seguidos corretamente, o teriam conduzido pelo caminho reto?

Não, ele não só não deu ouvidos às orientações dos guias e dos pais e mães espirituais, como deu vazão ao seu emocional e deu início ao mau uso do que aprendia dentro de uma religião magística por excelência, quando solicitava aos Exús que fechassem os caminhos de seus desafetos em todos os campos da vida, além de pedir outras coisas, tais como: mulher, dinheiro, posses, etc.

E ele não diz que nasceu numa família católica e cristã, mas porque era um relapso para as coisas da fé, foi até a Umbanda para ver se nela se emendava.

Como não conseguiu, logo acabou retomando ao reformatório religioso de Jesus Cristo. Pois é isto o que são as igrejas evangélicas: reformatórios religiosos onde nosso amado mestre Jesus recolhe os que nasceram sob sua irradiação luminosa mas não souberam captá-la da forma passiva como ela é passada pela Igreja Católica. Ele, que é bondade, amor e misericórdia, os conduz às divindades naturais (que são os orixás), os conduz ao espiritismo e a muitas outras doutrinas para ver se encontram uma onde suas naturezas ativas absorvam irradiações luminosas. Mas, quando vê que eles não se adaptam em nenhuma delas, ativa seu pólo cósmico, e um de seus aspectos negativos logo os arrasta para um de seus reformatórios religiosos, para que eles voltem a trilhar o caminho reto. E se o aspecto negativo ativado não conseguir reconduzi-los ainda na carne, não desistirá, mesmo depois de desencarnar.

Renovação, eis a palavra chave que bem define o divino Oxumaré que, em seu aspecto negativo, tem um mistério escuro chamado por nós de “Sete Cobras” ou “Sete Caminhos Tortuosos”, que é por onde transitam todos os seres que saíram do caminho reto e entraram nos desvios da vida, que sempre conduzem aos caminhos da morte.

Bem, já falamos sobre vários aspectos do nosso pai Oxumaré e de nossa amada mãe Oxum, que formam um par energético, magnético, vibratório que dá formação à segunda linha de Umbanda, que é a linha do Amor ou da Concepção. Como dissemos, se nos estendêssemos daria um volumoso livro. Por isso encerramos aqui nosso comentário.

(Texto extraído do livro “O Código de Umbanda”, de Rubens Saraceni).





Oferenda em louvor ao Pai Oxumaré



Uma vela branca, uma vela azul, uma vela verde, uma vela dourada, uma vela vermelha, uma vela roxa, uma vela rosa, uma vela marrom terroso.

Colocar no centro um melão aberto numa das pontas e derramar dentro dele um pouco de champagne rosé; o resto deve ser deixado na garrafa dentro do círculo de velas coloridas.

Façam esta oferenda próximo de uma cachoeira.

Acender a vela branca e circulá-la com as sete velas coloridas, guardando uma distância de 30 cm entre o centro e o círculo colorido. Deve-se, então, circundar as velas com flores multicoloridas e invocar Oxumaré, solicitando dele o que se deseja, mas que seja justo para que acelere suas evoluções, já que, se pedirem coisas tortas, uma “serpente” começará a segui-los e, mais dias menos dias, serão “picados” por ela de forma tão mortífera, que os paralisará.

(Texto extraído do livro “O Código de Umbanda”, de Rubens Saraceni).



Qualidade dos filhos de Oxumaré

Alexandre Cumino



Os filhos de Oxumaré, no positivo, são extrovertidos, falantes, galantes, envolventes, comunicativos, criativos, amáveis, educados, curiosos, interrogativos e alegres;

Os filhos de Oxumaré, no negativo, são apáticos, mórbidos, fechados, sombrios, isolacionistas, solitários, auto-punidores, venenosos e aziagos;

Os filhos de Oxumaré apreciam as ciências, os estudos filosóficos, passeios em grupo, reuniões agitadas ou festivas, discursos eloqüentes e emocionantes, a política, a liderança, ser expoente no seu meio e criar coisas novas e revolucionárias, e gostam de mulheres descontraídas e descompromissadas, pois são volúveis;

Os filhos de Oxumaré não apreciam a monotonia ou a repetitividade no seu dia a dia, mulheres ciumentas, a mesma comida todo dia, locais fechados ou abafados, pessoas inoportunas (aproveitadores), pessoas de natureza irracunda, irritante ou mal humorada;

Os filhos de Oxumaré são do tipo esbelto, solto e ágil;

Os filhos de Oxumaré apreciam as coisas místicas e mágicas;

Oxumaré é o numero 11(onze), seu planeta é o mesmo de Oxum, planeta Vênus.

(Texto extraído do livro “Gênese Divina de Umbanda Sagrada”, de Rubens Saraceni).
E-mail

Oxum

Oxum é o Trono Natural irradiador do Amor Divino e da Concepção da Vida em todos os sentidos. Como “Mãe da Concepção” ela estimula a união matrimonial, e como Trono Mineral ela favorece a conquista da riqueza espiritual e a abundância material.

A Orixá Oxum é o Trono Regente do pólo magnético irradiante da linha do Amor e atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor, fraternidade e união.

Seu elemento é o mineral e, junto com Oxumaré, forma toda uma linha vertical cujas vibrações, magnetismo e irradiações planetárias multidimencionais atuam sobre os seres e os estimula ou paralisa. Em seus aspectos positivos, ela estimula os sentimentos de amor e acelera a união e a concepção.

Não vamos comentar seus aspectos negativos ou punidores dos seres que desvirtuam os princípios do amor ou da concepção, pois será melhor comentado com Oxumaré.

Na Coroa Divina, a Orixá Oxum e o Orixá Oxumaré surgem a partir da projeção do Trono do Amor, que é regente do sentido do Amor.

Oxum assume os mistérios relacionados à concepção de vidas porque o seu elemento mineral atua nos seres estimulando a união e a concepção.

A energia mineral está presente em todos os seres e também está presente em todos os vegetais. E por isto Oxum também está presente na linha do Conhecimento, pois sua energia cria a “atração” entre as células vegetais carregadas de elementos minerais. Já em nível mental, a atuação pelo conhecimento é uma irradiação carregada de essências minerais ou de sentimentos típicos de Oxum, a concepção em si mesma.

A água doce, por estar sobrecarregada de energia mineral, é um dos principais “alimentos” dos vegetais. Logo, Oxum está tão presente nas matas de Oxóssi quanto na terra de Obá, que são os dois Orixás que pontificam a linha vertical (irradiação) do Conhecimento. A Senhora Oxum do Conhecimento é uma Oxum vegetal pois atua nos seres como imantadora do desejo de aprender.

Saibam que a ciência dos Orixás é tão vasta quanto divina, e está na raiz de todo o saber, na origem de todas as criações divinas e na natureza de todos os seres. É na ciência dos Orixás que as lendas se fundamentam, e não o contrário.

OFERENDA:

Velas brancas, azuis e amarelas; flores, frutos e essência de rosas; champagne e licor de cereja, tudo depositado ao pé de uma cachoeira.

Pontos de saudação a Mamãe Oxum:



Eu vi Mamãe Oxum nas cachoeiras, sentada na beira de um rio;

Eu vi Mamãe Oxum nas cachoeiras, sentada na beira de um rio;

Colhendo lírio, lírio ê, colhendo lírio, lírio á, colhendo lírio para enfeitar nosso Congá;

Colhendo lírio, lírio ê, colhendo lírio, lírio á, colhendo lírio para enfeitar nosso Congá.

* * * * * * *



Mamãe Oxum, veio pra gira dos Orixás e trás nas águas dos rios uma mensagem de Paz;

E trás nas águas dos rios uma mensagem de Paz;

Mamãe Oxum, valei-me Mamãe Oxum, rogai pelos filhos da gira ao nosso Pai Oxalá;

E trás nas águas dos rios uma mensagem de Paz;

Mamãe Oxum, valei-me Mamãe Oxum, rogai pelos filhos da gira ao nosso Pai Oxalá;

Gira, gira, gira,

Oi gira, tornou a girar, pra salvar filhos da gira, na fé do Pai Oxalá

Gira, gira, gira,

Oi gira, tornou a girar, pra salvar filhos da gira, na fé do Pai Oxalá.

“O Ritual de Umbanda Sagrada é a manifestação do espírito para obra de caridade e sem caridade não haverá evolução!”
Pai Oxossi

Oxóssi é o caçador por excelência, mas sua busca visa o conhecimento. Logo, é o cientista e o doutrinador, que traz o alimento da fé e o saber aos espíritos fragilizados tanto nos aspectos da fé quanto do saber religioso.

O Orixá Oxóssi é tão conhecido que quase dispensa um comentário. Mas não podemos deixar de fazê-lo, pois falta o conhecimento superior que explica o campo de atuação das hierarquias deste Orixá regente do pólo positivo da linha do Conhecimento.

O fato é que o Trono do Conhecimento é uma divindade assentada na Coroa Divina, é uma individualização do Trono das Sete Encruzilhadas e em sua irradiação cria os dois pólos magnéticos da linha do Conhecimento. O Orixá Oxóssi rege o pólo positivo e a Orixá Obá rege o pólo negativo.

Oxóssi irradia o conhecimento e Obá o concentra.

Oxóssi estimula e Obá anula.

Oxóssi vibra conhecimento e Obá absorve as irradiações desordenadas dos seres regidos pelos mistérios do Conhecimento.

Oxóssi é vegetal e Obá é telúrica.

Oxóssi é de magnetismo irradiante e Obá é de magnetismo absorvente.

Oxóssi está nos vegetais e Obá está em sua raiz, como a terra fértil onde eles crescem e se multiplicam.

Oxóssi é o raciocínio hábil e Obá é o racional concentrador.

OFERENDA:

Velas brancas, verdes e rosas; cerveja, vinho doce e licor de caju; flores do campo e frutas variadas, tudo depositado em bosques e matas.



(Texto extraído do livro “O Código de Umbanda”, de Rubens Saraceni).
E-mail

OXALÁ

Oxalá é o Trono* Natural da Fé e seu campo de atuação preferencial é a religiosidade dos seres, aos quais ele envia o tempo todo suas vibrações estimuladoras da fé individual e suas irradiações geradoras de sentimentos de religiosidade.

Fé! Eis o que melhor define o Orixá Oxalá.

Sim, amados irmãos na fé em Oxalá. O nosso amado Pai da Umbanda é o Orixá irradiador da fé em nível planetário e multidimensional.

Oxalá é sinônimo de Fé. Ele é o Trono da Fé que, assentado na Coroa Divina, irradia a fé em todos os sentidos e a todos os seres.

Comentar Oxalá é desnecessário porque ele é a própria Umbanda. Logo, vamos nos afixar nas suas qualidades, atributos e atribuições.

Qualidades:

As qualidades de Oxalá são, todas elas, mistérios da Fé, pois ele é o Trono Divino irradiador da Fé. Nada ou ninguém deixa de ser alcançado por suas irradiações estimuladoras da Fé e da Religiosidade.

Seu alcance ultrapassa o culto dos Orixás, pois, a religiosidade é comum a todos os seres pensantes.

Jesus Cristo é um Trono da Fé de nível intermediário dentro da hierarquia de Oxalá. E o mesmo acontece com Buda e outras divindades manifestadoras da fé, pois muitos Tronos Intermediários já se humanizaram para falar aos homens como homens e, assim, melhor estimularem a fé em Deus.

Todas as divindades irradiam a fé. Mas os Tronos da hierarquia de Oxalá são mistérios da Fé e irradiam-na o tempo todo.

Atributos:

Os atributos de Oxalá são cristalinos, pois é através da essência cristalina que suas irradiações nos chegam, imantando-nos e despertando em nosso íntimo os virtuosos sentimentos de fé.

Atribuições:

As atribuições de Oxalá são as de não deixar um só ser sem o amparo religioso dos mistérios da fé. Mas nem sempre o ser absorve suas irradiações quando está com a mente voltada para o materialismo desenfreado dos espíritos encarnados.

É uma pena que seja assim, porque os próprios seres se afastam da luminosa e cristalina irradiação do Divino Oxalá

Oferenda:

Oxalá é oferendado com velas brancas, frutas, cocos verde, mel e flores. Os locais para oferendá-lo são aqueles que mais puros se mostram, tais como: bosques, campinas, praias limpas, jardins floridos, etc.

Já os regentes dos pólos negativos da linha da Fé não se abrem ao plano material e não são invocados ou oferendados.

* Planos e faixas vibratórias da evolução.

Rubens Saraceni
Os Tronos de Deus

Deus é em si o todo! Mas o todo é formado por muitas partes. Ca­da parte é um aspecto da criação e Deus está em todas elas ao mesmo tempo porque é Onipre­sente. A onipresença de Deus é incon­testada e todas as religiões orga­nizadas a têm como dogma.

O Panteísmo tem sua origem nesse fato, verdadeiro, e fundamenta sua cren­ça de que, se Deus é onipresente e está em tudo e todos ao mesmo tempo, então pode-se cultuá-Lo por meio daquela com que melhor se afinizar.

Isso é verdadeiro, ainda que nunca devamos nos esquecer de que uma parte não é o todo e sim só uma de su­­as partes.

Um “deus” do fogo não é Deus mas uma forma de cultuá-Lo por meio de uma de suas partes, que é o elemento Fogo.

Um “deus” da água... é uma de suas partes, que é o elemento Àgua.

Um “deus” da terra... é uma de suas partes, que é o elemento Terra.

Um “deus” do ar... é uma de suas partes, que é o elemento Ar.

Um “deus” dos minerais... é uma de suas partes, que é o elemento Mineral.

Um “deus” dos vegetais... é uma de suas partes, que são os Vege­tais.

Um “deus” dos cristais... é uma de suas partes, que são os Cristais.

Um “deus” do tempo... é uma de suas partes, que é o Tempo.

Um “deus” dos animais; dos répteis; das aves; das montanhas; dos mares; dos rios; dos lagos; das cachoeiras; dos cemitérios; da chuva; dos ventos; do sol; dos raios; etc. etc. e etc., não são Deus e sim algumas de suas muitas partes.

Deus, nosso Divino Criador, é em si tudo e todos e está em tudo e é o princípio de tudo, e todos prevêm Dele.

Já não se questiona a Unidade e o Princípio, no entanto todos reco­nhecem que há uma miriáde de seres divinos espalhados pela criação e que ou são os regen­tes de uma de suas partes ou são guar­diões dos seus mistérios sagrados.

Ninguém duvida da existência dos Anjos, pois estão descritos na Bíblia, assim como os Tronos, os Arcanjos, os Serafins, etc.

Ninguém duvida das existência dos Devas porque estão descritos nos livros sagrados hinduístas.

Ninguém duvida da existência dos Orixás porque estão descritos nos livros sagrados e na tradição oral nigeriana. E assim com todas as atuais religiões!

Mas muitos duvidam da existência das cosmogonias antigas, tais como a egípcia, grega, babilônica ou caldéia, nórdica, caucasiana; mongólica; roma­na; cartaginesa; havaiana, polinésia; indígenas americanas (índios ameri­canos e canadenses, astecas, maias, incas, índios tu­pis-guaranis), africa­nas em geral (muitas), etc.

Algumas religiões atuais atribuem a si o domínio da verdade, e é pura perda de tempo argumentar que o tempo todo Deusa tem amparado a todos por meio de suas muitas divindades, não im­por­­tando para Ele como isso vem aconte­cendo no decorrer dos tempos e das muitas culturas e religiões já desapa­recidas.

Muitos denominam as religiões e culturas antigas de atrasadas, arcaicas, pagãs, selvagens, primitivas, etc., e nomeiam-se evoluídos, salvos, eleitos, privilegiados, escolhidos, etc.

Tudo nesse campo, tão concreto e tão abstrato ao mesmo tempo, obedece aos que estão comandando a humanidade e não adianta discutir quem está certo ou errado, mas devemos discutir o que nos influencia realmente e quem conduz a nós e à nossa evolução a partire do lado invisível da criação e como podemos acessá-Lo e direcionar Seus poderes em nosso auxílio e bene­fício. Já comentamos os Tronos de Deus em vários dos nossos livros e os temos descrito como a classe de divindades sustentadoras da criação e da evolução dos seres.

Aqui, porque se trata de um livro que comenta e descreve a magia simbó­lica, nós os comentaremos a partir de suas funções originais na criação para que, após entendê-los, compreendam a magia riscada simbólica e sagrada.

Comecemos por assim descrevê-los: Os Tronos são seres divinos assen­ta­dos nos muitos níveis vibratórios da criação e têm como funções divinas dar sustentação aos meios amparar os seres nos seus muitos estágios evolu­tivos.

Existem Tronos para todas as fun­ções divinas sustentadoras dos meios e dos seres.

Logo, os Tronos exercem funções e os nomeamos por elas. O homem que constrói casa é um construtor. Só que para construir uma casa seu construtor precisa ter uma equipe de profissionais especializados, tais como o pedreiro, o carpinteiro, o serralheiro, o eletricista, o encanador, o pintor, etc., e cada um deles tem seus auxiliares, especiali­zados ou não.

Cada um desses profissionais contribui com sua parcela de trabalho para que uma casa esteja pronta para ser habitada.

Com os Tronos acontece a mesma coisa e o Trono Construtor dos meios destinados aos seres é uma emanação onisciente, onipotente e oniquerente de Deus. Um Trono é um poder. Logo, Trono e poder são sinônimos.

O Trono Cosntrutor é uma manifes­tação de Deus e o temos como respon­sável pela construção dos meios nos quais os seres vivem e evoluem continuamente.
Os Três Estados da Criação

Em um livro de nossa autoria (O Li­vro das Velas) começamos a mostrar as irradiações das chamas das velas e as denominamos de ondas vibratórias.

Em outros dos nossos livros, abri­mos um pouco mais o Mistério das Vi­brações Divinas e tudo foi assumindo forma.

Chegamos a comparar as ondas vi­bratórias aos genes, pois tal como eles, elas têm funções e realizam ações específi­cas na criação, porque ca­da mo­delo de onda transporta uma ener­gia es­pe­cífica que é capaz de realizar um trabalho só seu.

Sempre de forma didática e prá­tica, desen­vol­vemos comentá­rios so­bre as ondas vibrató­rias e a energia trans­portada por cada uma delas de­no­minando-as de “Fatores de Deus”.

Em vários livros de nos­­­sa autoria os fatores são nomea­dos com o no­me de verbos, assim como são classi­fi­cadas as ondas vibra­tó­rias, tornando fá­cil o entendimento de tão complexo mistério de Deus.

Os mistérios das ondas vibrató­ri­as e dos fatores de Deus, guardadas as diferenças, são tão complexos quan­­to a física e a química, estudadas no plano material.

Física:

Para as “ondas vibrató­rias”.

Química:

Para os “fatores de Deus”.

Observem que os físicos e os quí­mi­­cos vêm desenvolvendo o conheci­mento humano de forma maravilhosa e, de tempo em tempo, surpreendem a humanidade com a descoberta de leis e princípios que tanto respondem a muitas indagações, como imediata­men­te são aplicadas na vida criando novos conhecimentos e novos produ­tos.

Assim, o sobrenatural vai cedendo seu lugar ao natural porque se tornou compreensível e foi colocado sob de­ter­minado controle (o da ciência).

Mas, se assim tem acontecido com todas as ciências acadêmicas terrenas, o mesmo não se aplicava com as coisas religiosas e magísticas, sempre relega­das ao sobrenatural.

No nosso modelo de abordagem e de comentários sobre o universo divi­no, o natural, o espiritual e o magístico é racional e aos poucos vem delinean­do-os sob uma nova visão ou ângulo de observação.

Quando alguém dizia que tal folha ou erva é de um orixá e se perguntado porque ela é desse orixá e não de ou­tro, e ouvimos como resposta que ela é dele porque é, pois foram os “mais velhos” que ensinaram isso, fica­va uma fresta para a dúvida, porque faltava toda uma explicação que se justifica tal afirmativa.

Pacientemente, e de livro em livro, toda uma ciência e um modelo explica­tivo foi tomando forma e criando um mo­delo racional fundamentador das afir­mações corretas, dos nossos “mais velhos” que, se eram verdadeiras, no en­tanto, sofriam pela falta de um “mo­de­lo explicativo e fundamenta­dor”.

Quando, após a publicação de vários livros teóricos e didáticos, toda uma ciência divina delineou-se tudo foi sendo explicado e fundamentado.

Então, chegamos a um modelo padrão que responde à maioria das perguntas e funda­men­ta quase tudo o que está na Umban­da, e o que se usa nos trabalhos espirituais e magísti­cos dentro e fora dos seus centros.

O modelo é este:

- Olorum (Deus) é o princípio de tudo e es­tá em tudo o que criou e ge­rou de si. Como Deus criou e ge­rou tudo, Ele é o prin­cípio de tudo e tudo se inicia Nele.

Porque tudo se inicia em Deus en­tão tudo tem seu princípio e está fun­da­mentado Nele. Logo, tudo tem seu princípio criador e gerador.

Esse princípio criador-gerador que cada uma das coisas criadas por Deus traz em si, distingue-a e diferencia-a de todas as outras e dá-lhe uma indivi­dualização que facilita sua identi­fica­ção, sua classificação e sua deno­mi­nação.

– Nós, os seres racionais, em nos­so planeta e em seu lado material, nos iden­­tificamos como humanos, nos clas­si­­ficamos como mamíferos e nos de­no­­mi­namos como seres humanos, sepa­rando-nos de outras espécies cria­­das por Deus em outros dos seus prin­­cípios criadores-geradores.

O que justifica essa afirmação é o fato de seres humanos só gerarem se­­res humanos, só bovinos gerarem bo­vinos, só eqüinos gerarem eqüinos, etc., entre os mamíferos, mas de espé­cies diferentes.

– Já entre os vegetais, que tam­bém têm seus princípios criadores-ge­radores específicos e fundamentados em Deus (pois todos concordamos que ele criou e gerou tudo), eles também têm suas identidades próprias e uns são classificados como pertencentes a uma espécie e outras a outras.

Observação: “Aqui não usaremos os nomes científicos e sim os populares para nomearmos tudo e todos”.

Porque cada espécie vegetal tem seu princípio criador-gerador em De­us, elas também têm suas identidades e individualidades que as distinguem entre si.

– Também, se observarmos os mi­nérios e as rochas veremos que cada es­pécie tem seu princípio criador-gerador específico que a individualiza e a identifica separando-a das outras espécies.

– O mesmo ocorre com as aves, com os peixes, com os répteis, com os ..., etc.

E cada coisa criada e gerada por Deus traz em si seu princípio criador-gerador que tanto a identifica, a clas­sifica e a denomina, individualizando-a, assim como a impede de, a partir de si, criar e gerar outras coisas ou ou­tras espécies.

Com isso a criação e o geracio­nis­mo original e fundamentado em Deus está garantido, não se desvirtuando e não degenerando nada e ninguém.

– O conservacionismo é um dos princípios existentes em Deus.

O nosso modelo contempla três estados para tudo o que Deus criou e gerou:

• Estado divino

• Estado espiritual

• Estado natural

No estado divino tudo é divino. No estado espiritual tudo é espiritual. No estado natural tudo é natural.

O que é divino mostra-se como divino. O que é espiritual mostra-se como espiritual. O que é natural mostra-se como natural.

– Tudo o que existe em um dos es­tados das coisas cria­das e geradas por Deus também existe nos outros do­is esta­dos, mas já se mostran­do no es­tado em que se encontra.

A partir daí, en­tão, só há um me­smo princí­pio que cria, ge­ra e dá sus­ten­tação a uma coi­sa (uma es­pé­cie) no seu estado di­vino, no espiritual e no natural, pois a razão e a lógica nos faz crer que não poderia ha­ver três prin­cípios (um para ca­da estado) para uma mesma es­pécie, porque aí não man­teriam a corres­pon­dência identifi­ca­tória, classificatória e denominativa.

E, finalmente chegamos a essa afir­mativa: – Deus é único e é em si o princípio de tudo.

– Tudo, por ter origem em Deus e por ter sido criado e gerado em um prin­­cípio específico, o traz em si e tan­to tem sua individualização susten­tada por Ele, como pode ser identi­ficado, classificado e denominado por Ele.

– E, porque tudo se mostra nos três estados, mas cada coisa gerada e criada por Deus o é em um princípio úni­co, então um único e específico prin­­cípio sustenta, identifica, classifica e nomeia cada coisa (espécie) nos se­us três estados (o divino, o espiritual e o natural).

– Logo, o que encontramos, iden­ti­fi­camos, individualizamos, classifica­mos e nomeamos em um dos três estados da criação também existe nos seus dois outros estados, ainda que, por nos encontrarmos em um deles, os outros dois não nos sejam visuali­záveis ou acessíveis.

E, como tudo tem sua origem e seu princípio sustentador em Deus a unidade é mantida, pois é uma espécie não gera outra, mas só a sua, man­ten­do-se única na Criação.

Daí, com essa forma de identifica­ção, classificação e denominação en­ten­dida, basta recorrermos a um mo­delo cientifico para agruparmos e no­me­ar­mos as coisas criadas e geradas por Deus, para chegarmos aos princí­pios gerais ou universais e aos princí­pios específicos e limitados a uma es­pécie.

– Como cada espécie de vegetal tem seu princípio criador-gerador es­pe­cí­fi­co, mas todos são classificados como vegetais, então temos um princí­pio geral e universal, sustentador de todos os princípios específicos vege­tais que os individualizam, os classifi­cam e os nomeiam.

– E o mesmo acontece com os mi­né­rios, rochas, aves, peixes, etc.

Logo, ao invés de estudarmos De­us através de muitos princípios especí­fi­cos, o nosso modelo recomenda fazê-lo a partir dos princípios gerais e uni­versais.

E, como a Umban­da é regida pelo Sete­nário Sagrado, nos afi­xa­mos em se­te princí­pios gerais e universais sus­ten­tadores do que se mostra aos nos­sos olhos na natureza ter­res­tre (o es­ta­do natu­ral) em seu lado mate­rial.

– Temos um princí­pio vegetal sus­ten­tan­do os vegetais.

– Temos um princí­pio mineral sus­tentado os minerais, etc.

Daí englobamos tudo em sete prin­cí­pios gerais e universais, que são es­tes:

• Princípio cristalino

• Princípio mineral

• Princípio vegetal

• Princípio ígneo

• Princípio eólico

• Princípio telúrico

• Princípio aquático

Esses sete princípios englobam tu­do o que se mostra em seu estado na­tural e conseguimos identificar, clas­si­ficar e nomear cada coisa (ou espé­cie) criada e gerada por Deus nesse estado.

• Os cristais, individualizados, for­mam a natureza em sua parte crista­lina.

• Os minérios formam a parte mi­neral da natureza.

• Os vegetais formam a parte ve­getal da natureza.

• As temperaturas das coisas for­mam a parte ígnea da natureza.

• Os gases formam a parte eólica da natureza.

• Os solos formam a parte terrena da natureza.

• Os líquidos formam a parte aquo­sa da natureza.

Esses sete princípios gerais e uni­ver­sais são os sete princípios criado­res-geradores existentes em Deus pa­ra o estado natural, que estão no Sete­nário Sagrado.

E, como tudo que se encontra em um estado (aqui, o natural) encontra-se nos outros dois, mas mostra-se em acordo com eles, e mantêm-se susten­tados pelos mesmos princípios gerais e específicos, então basta transpor­mos esse Setenário Sagrado para o estado espiritual que encontraremos pes­soas, animais, aves, répteis e etc (que são seres espirituais) sustenta­dos por esses sete princípios gerais e universais. Nós os denominamos dessa forma:

• Seres ou espécies espirituais cristalinos

• Seres ou espécies espirituais minerais.

• Seres ou espécies espirituais vegetais.

• Seres ou espécies espirituais ígneos.

• Seres ou espécies espirituais eólicos

• Seres ou espécies espirituais terrenos

• Seres ou espécies espirituais aquáticos

Mas, como para cada estado, ca­da coisa tem sua forma de mostrar-se, ainda que o seu princípio geral e único seja o mesmo, então transfor­mamos gradativamente o modelo na­tural, para os sentidos da vida, tam­bém englobados pelo Setenário Sa­gra­do, e que são estes:

• Sentido da Fé à princípio criador, gerador e sustentador dos cristais ou das rochas.

• Sentido do Amor à princípio criador, gerador e sustentador dos minerais.

• Sentido do Conhecimento à princípio criador, gerador e susten­tador dos vegetais.

• Sentido da Razão ou da Justiça à princípio criador, gerador e susten­ta­dor das temperaturas.

• Sentido do Caráter ou da Lei à prin­cípio criador, gerador e susten­tador da ordem.

• Sentido da Sabedoria ou da Evo­­lução à princípio criador, gera­dor e sustentador da evolução das espécies e das passagens de um es­tado para outro.

• Sentido da Criação e da Gera­ção à princípio criador, gerador e sustentador da multiplicação das espécies.

Nos seres humanos, essa trans­po­si­ção do que existe e se mostra no es­tado natural, gerou arquétipos físi­cos e psicológicos, sendo que aqui da­re­mos só o segundo, pois o primeiro já é de conhecimento geral.

• Sentido da Fé à seres religiosos;

• Sentido do Amor à seres agregadores

• Sentido do Conhecimento à seres expansores

• Sentido da Justiça à seres equilibradores

• Sentido da Lei à seres ordenadores

• Sentido da Evolução à seres transmutadores

• Sentido da geração à seres geracionistas

A partir do esta­bele­cimento de um mo­delo analógico, passa­mos a recorrer à ana­logia para identificar­mos as coisas e seus princípios cria­dores-geradores-sustentadores-iden­tificadores-classi­fi­ca­dores-nomea­dores. Até aqui temos isto:



Fé – Religiosidade – Cristais

Amor – União – Minerais

Conhecimento - Expansão - Vegetais

Justiça – Equilíbrio – Temperaturas

Lei – Ordem – Gases

Evolução – Transmutação – Terras

Geração – Geracionismo – Águas



Essa correspondência analógica nos mostra sete sentidos, sete aspec­tos dos seres e sete elementos da na­tu­reza terrestre.

Como tudo o que se mostra no es­­tado natural também se mostra nos ou­tros dois ainda que em acordo com o estado onde está se mostrando, en­tão podemos transpor esses sete sen­tidos para o estado divino da criação, que encontraremos seres divinos que também se adaptam a ele e nos permi­tem identificá-los, classificá-los e no­meá-los.

• No estado natural temos os ele­mentos formadores da natureza ter­res­tre: cristal, mineral, vegetal, fogo, ar, terra e água.

• No estado espiritual temos os es­­pí­ritos associados aos elementos atra­­vés dos sentidos: da fé, do amor, do conhecimento, da justiça, da lei, da evolução e da geração.

• No estado divino temos os sete mistérios maiores sustentadores da vi­da, que nos permitem associá-los aos poderes emanados por Deus e nos per­mitem identificar, classificar e no­mear suas divindades regentes:

• Mistério da Fé - Divindade da Fé

• Mistério do Amor - Divindade do Amor

• Mistério do Conhecimento - Divindade do Conhecimento

• Mistério da Justiça - Divindade da Justiça

• Mistério da Lei - Divindade da Lei

• Mistério da Evolução - Divindade da Evolução

• Mistério da Geração - Divindade da Geração

Estas divindades-mistérios podem ser identificadas, classificadas e no­mea­das, mas só através do estado na­tural, porque nele suas vibrações divinas estão dando sustentação à for­mação e manutenção dos ele­mentos, e que tam­bém são os captado­res, os absor­vedores, os concen­tra­dores, os conden­sadores e os irradia­do­res dela para os seres e para os meios.

– Como as vibra­ções de uma divin­dade-mistério, que é em si uma mani­fes­tação de Deus e rege um dos sete sentidos da vida, quando en­tram no estado natu­ral da criação fazem surgir um dos sete ele­men­tos, que as cap­tam e as irradiam para os seres e para os meios, então, por analogia, temos como identificar, classificar e nomear cada uma delas, que são estas:

• Irradiação da Fé

• Irradiação do Amor

• Irradiação do Conhecimento

• Irradiação da Justiça

• Irradiação da Lei

• Irradiação da Evolução

• Irradiação da Geração

Daí, como os meios naturais se mostram energeticamente de várias formas, gerando meios diferentes, foi preciso estudar aqueles onde cada uma dessas irradiações mais se desta­cavam e mais facilmente podiam ser estudadas.

Isso, essa necessidade nos levou às dimensões elemen­­tais, onde o ele­mento resultante da vibração divina pre­do­­minam e identifi­cam, classificam e no­meiam cada uma de­las, ao que ne­las exis­­te, aos seres que ne­las vivem e às suas di­vindades naturais regen­tes.

• O estado divino da criação nos é in­vi­sível e, por ser um es­tado pura­mente men­­tal, nos é inacessível.

• O estado na­tu­ral da criação, por ser energético, mag­­né­­ti­co, vibrató­rio e ele­men­tal tanto nos é vi­sível quanto acessí­vel.

Daí, foi só um passo adentrarmos nas di­mensões elementais bá­sicas e identificar­mos, classificarmos e no­­me­ar­mos tudo e to­dos, a partir do nosso en­tendimento espiri­tual.

Com um modelo analógico pronto tudo ficou fácil e resultou numa tabela comprovável.

Com esta tabela, uma correspon­dên­cia pode ser estabelecida, bastou su­bstituir os nomes das divindades mis­té­rios por orixás para surgir um pan­­teão divino que nos é com­preen­dido e que, no estado natural pode ser visualizado e descrito:

• Divindade-mistério da Fé - à Orixás da Fé

• Divindade-mistério do Amor - à Orixás do Amor

• Divindade-mistério do Conhecimento - à Orixás do Conhecimento

• Divindade-mistério da Justiça - à Orixás da Justiça

• Divindade-mistério da Lei - à Orixás da Lei

• Divindade-mistério da Evolução - à Orixás da Evolução

• Divindade-mistério da Geração - à Orixás da Geração

Por correspondência temos isto:

• A Divindade-mistério da Fé é um mis­tério de Deus que, manifestado, é um mental divino universal onipoten­te, onisciente e oniquerente, que re­ge o sentido da fé, irradia suas vibra­ções para o estado natural e faz surgir a dimensão elemental cristalina, onde predomina uma energia específica condensada nos cristais (nas rochas) e que, quando absor­vida pelos seres espirituais desperta no íntimo delas sentimen­tos de fé, de fraterni­dade e de confiança. Essa Divindade-mistério identifi­ca­da, classifica­da e nomeada Orixá da Fé, rege integralmente o sentido da fé e ponti­fica a irradiação da fé, pois a é em si.

• Como toda irra­diação divina tan­to é ativa como passiva, ela tem dois pólos que a projetam para tudo e para todos.

• Como esses pólos só podem ser visualizados e estudados no estado natural da criação, nesse podem ser identificados, classificados e nomea­dos os orixás naturais responsáveis por eles e pela manu­tenção do equilí­brio em suas irradiações (ativa e passi­va).

• Como esses ori­xás naturais po­dem ser vi­sua­lizados nós os identi­fi­­camos, classificamos e no­meamos co­mo Ori­xás da Fé.

• Como uma irra­diação tem dois pó­los, no pólo ativo da fé identifica­mos um orixá feminino que classifica­mos como orixá femi­nino da fé e o no­mea­mos Oyá-Logunan.

No pólo passivo iden­tificamos um orixá masculino que classifi­camos como orixá masculino da fé e o nomeamos Oxalá.

A visualização des­ses orixás não pode ser direta, porque eles são em si um estado natural da criação: o cris­talino.

Nós os visualizamos, estudamos, iden­tificamos, classificamos e nomea­mos através dos seres naturais, que são membros de suas hierarquias. E isto foi possível, porque o que se mos­tra em um estado está nos outros, e vice-versa.

Os membros das hie­­rarquias natu­rais são no­mea­dos seres natu­rais de natureza divina ou orixás naturais. Já, os seres da natureza re­gi­dos e ampa­rados por eles são nomeados seres de natureza espi­ritual.

Também encontra­mos uma corres­pon­dên­­cia direta entre os seres de natu­reza divina e os de natureza espi­ri­tual, confirmando mais uma vez que o que está em um estado mos­tra-se nos outros dois, ou seja:

• O que está nos seres de natu­reza divina mostra-se nas divindades e no espíritos.

Simplificando, temos isto:

• Divindade-mistério regente do sen­ti­do da Fé à orixás regentes da fé à seres de natureza divina sustenta­do­res da Fé à seres na­turais cristalinos à es­pí­ritos regidos e sustentados pelo sen­tido da Fé.

Em sentido con­trá­rio (do micro para o macro) já que po­de­mos visualizar, iden­­tificar, classificar e no­mear os se­res espiri­tuais, os natu­rais, os de natureza divina, as divindades natu­rais em ativos e passivos e em mascu­linos e femininos, também podemos fazer o mes­mo com a Divindade-mis­tério da Fé. E o faze­mos desta forma:

• A Divindade-mistério da Fé, de­no­minado Orixá da Fé é em si um mis­tério maior de Deus, porque traz em si o duplo aspecto dele e de sua criação. Tanto é ativo quanto passivo; tanto é mas­culino como feminino e, em si, essa dualidade o caracteriza como criador e gerador, predicado este só encontrado em Deus.

Logo, o Orixá-mistério da Fé é De­us manifestado em um dos sete senti­dos da vida, criando, gerando e sus­ten­tando tudo e todos criados e gera­dos por Ele nesse sentido.

A correspondência direta entre o Ori­xá da Fé, as divindades naturais crista­linas, os seres divinos cristalinos, a di­mensão elemental cris­ta­lina, os seres natu­rais cristalinos, os espí­ritos regi­dos pelo senti­do da fé, os elemen­tos da natureza con­den­sadores das vibra­ções divinas e seus irradiadores naturais, podem ser comprova­das até um certo nível ou estado da criação (o natural), porque dali em diante só o pro­cesso analógico nos permite identi­ficar, clas­sificar, nomear e es­tu­dar, po­is dali em diante tudo torna-se invisível aos nossos olhos e impenetráveis à nossa mente.

Mas a regra de ouro que nos ensi­na que o que está em Deus está na sua criação e nas suas criaturas (os três estados), justifica a nos­sa certeza na divin­dade dos Sagrados Ori­xás, nos seus poderes, nos seus domínios, nas suas regências e nas suas ascendên­cias sobre nós, os espíritos humanos.

Também justifica o culto religioso e o auxílio magístico dirigido a eles, po­is de verdade, neles tudo encontra fun­damentação elemental, natural, es­pi­ritual e divina.

Até nossas filiações por orixás, es­tá fundamentada nesse modelo de­sen­­vol­vido por nós, pois se temos na regência dos sete sentidos, das se­te vibrações, das sete irradiações e dos sete elementos e das sete di­mensões elementais básicas suas re­gên­cias e suas presenças divinas, não há como não estar ligado e estar sendo ampa­rado por um deles.

Tudo é uma questão de deixar as emo­ções humanas de lado e usar a ra­­zão, pois até nossa personalidade ín­tima, nossos gostos, humor e predile­ções, encaixam-se dentro desse mode­lo identificatório, classificatório e no­mea­dor.

Só não vê e não o aceita, quem não quer ou ainda é extremamente igno­ran­te sobre Deus e seus mistérios.

Umbanda é religião; tem seus mistérios; tem seus fundamentos; está fundamentada em Deus e os três estados da criação estão tão visíveis dentro de um terreiro de Umbanda que só não os vê quem não quer.

• O estado divino mostra-se nos po­deres sustentadores da Umbanda e nos trabalhos realizados dentro do seus templos.

• O estado natural mostra-se no es­paço material e nos elementos usa­dos pelos guias espirituais e pelos se­us médiuns.

• O estado espiritual mostra-se nos guias e nos médiuns, todos espíri­tos e todos em correspondência direta com os dois outros estados, pois se não houvesse essa correspondência um orixá não poderia incorporar em um médium e, através deste, atuar no “lado de fora” da criação, uma vez que ele vive no estado natural e mani­festa de si os pode­res existentes no lado divino.

Umbanda tem fundamentos.

Só é preciso conhecê-los!



Este é um texto do livro “O Livro de Oferendas e Assentamentos na Umbanda”. Rubens Saraceni - Editora Madras
E-mail

Os procedimentos de Umbanda

A doutrina de Umbanda estimula os procedimentos corretos e incor­porou aqueles mais afins com a própria natureza divina dos Orixás.

A um médium é solicitado que co­nheça o mínimo indispensável para que possa realizar as práticas de Umbanda e seus rituais. Também é exigido que se estude um pouco, porque só assim en­tenderá tudo o que acontece dentro de um templo de Umbanda durante a realização das giras de trabalho.

Cada religião tem seus paramentos ou suas vestes litúrgicas, e a Umbanda tam­bém tem os seus: vestes brancas.



Por que o branco é a cor preferencial da Umbanda?

O branco é a cor de Oxalá, o re­gente da Fé no Ritual de Umbanda Sa­grada. Logo, como a fé é o mistério re­ligioso por excelência, o astral tem estimulado o uso dos paramentos brancos. O simbolismo da veste branca é bem visível, além de permitir uma uniformidade na apresentação do corpo mediúnico.

Mas, se alguém se veste de branco e assume o grau de médium, dele tam­bém se exige que purifique seu íntimo, reformule seus antigos conceitos com relação à religiosidade e se porte de acordo com o que dele esperam os Ori­xás sagrados, pois serão estes que o ampararão daí em diante.

A doutrina de Umbanda tem por ob­je­tivo primeiro o auxílio espiritual, e esti­mula o despertar da consciência religio­sa nos médiuns. Os doutrinadores sa­bem que tem que ser pacientes, pois precisam lidar com pessoas oriundas de outras religiões, nas quais já desenvol­veram uma consciência mais ou menos de acordo com o que pregam suas dou­trinas.

A doutrina tem como um dos seus pro­cedimentos basilares nunca obrigar alguém a renegar a religião que pra­ticava, pois nenhuma religião deve ser renegada ou criticada.

O máximo tolerado pela doutrina é a crítica aos mercadores da fé, aos fa­na­tizantes líderes religiosos das doutri­nas obscurantistas, e, ainda assim, se eles forem os primeiros a agredir a religião umbandista, como sempre ocor­re, já que sentem uma ameaça invisível aos seus feudos religiosos nas religiões libertadoras do espírito, como o são a Umbanda e o Espiritismo.

As verdades semeadas pelos espí­ritos são superiores às que eles semei­am e tratam logo de combatê-las. Mas, fora essas escaramuças em nível terra, a doutrina de Umbanda reprova toda tentativa de diminuir outras religiões, pois todas se fundamentam em Deus e em sua divindades. Logo, o universalis­mo adotado pela doutrina de Umbanda não permite críticas às outras religiões, tampouco obriga alguém a renegar sua antiga crença.

Quem proceder de outra forma não é ainda, um verdadeiro médium de Um­banda Sagrada, a mais ecumênica das religiões. Em seus templos manifestam-se espíritos trazendo ainda vibrantes as suas antigas forma­ções religiosas que lhes possibilitaram a ascensão es­piritual aos níveis superiores da luz.

Manifestam-se espíritos vindos de to­das as outras religiões e regiões do pla­neta. Uns são hindus, outros são ára­bes, outros são judeus, budistas, cris­tãos... e até índios brasileiros e negros africanos, os seus fundadores espiri­tuais.

Logo, dentro dos procedimentos re­co­mendados está o de absterem-se de qualquer crítica a outras religiões ou de alimentarem preconceitos religiosos mesquinhos.

Outro procedimento recomendado é respeitar os templos de todas as re­ligiões e seus espaços religiosos, pois, aquele que na respeita a casa alheia, não respeita a própria.

Se não consegue ver em um templo alheio uma morada de Deus, então não é digno de dizer que, no seu templo, Ele habita. Em verdade, onde as pes­soas se reúnem para louvar a Deus, Ele ali se estabelece e se manifesta, não importando que O invoquem com outros nomes que não o de “Olorum” ou “Zambi”. Deus é único e os nomes que Lhe dão são apropriações humanas de Suas qualidades divinas manifestadas a todos o tempo todo. Afinal, Ele é tudo em Si mesmo e temos de invocá-Lo por um nome que mais nos fale ao coração, certo?

Outros procedimentos recomen­dados, e já bastante divulgados, são relativos às práticas rituais:

• Em dia de trabalhos mediúnicos, não se deve comer alimentos de difícil digestão ou ingerir bebidas alcoólicas, pois estas entorpecem a mente a anulam a percepção extra-sensorial, assim como abrem o campo mediúnico às vibrações negativas e estimulam o emocional dos médiuns;

• a mediunidade só deve ser desen­volvida com o recurso da concentração dos cantos rituais e dos atabaques, e nun­ca com o concurso de qualquer produto alucinó­geno, o qual cria delírios emocionais e animismos;

• médium desequilibra­do deve ser afas­tado do corpo mediúnico e enca­minhado para tratamento médico-psi­co­­lógico e es­piritual;

• médium alcoolizado, ainda que mi­ni­mamente, não deve realizar trabalhos práticos, ou deles partici­par;

• médium que não realizar a higiene espiritual e pessoal, tal como banho com ervas, firmar uma vela para o seu anjo da guarda, firmar sua esquerda e direi­ta, etc., não está apto a realizar um bom trabalho mediúnico. Nessa higiene pessoal inclui-se a bucal, pois não há coisa mais desagradável que um consu­lente ter que suportar o mau hálito de um médium relapso.;

• estar sempre vestido com roupas limpíssimas;

• portar-se com respeito e silêncio dentro das tendas – espaços consa­grados as divindades e aos rituais reli­gio­sos praticados dentro da Umbanda.

Texto extraído do livro “Código de Umbanda” - Rubens Saraceni - Editora Madras.






< Anterior Próximo >

About

Espiritualismo em geral nos oferece a demonstração teórica dogmática, e o Espiritismo a demonstração experimental.