segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Desde quando existe mau-olhado?

Texto José Hamilton RibeiroFotos Jorge dos Santos
Existe um ramo da ciência, a Etno-Botânica, que estuda a relação das pessoas com as plantas. Perguntamos a uma etno-botânica: de onde vem essa idéia de que uma planta (ou várias plantas) podem curar uma dor psicológica ou um problema da mente?
"Isso vem do homem das cavernas", diz a professora Eliana Rodrigues, da Unifesp - Universidade Federal de São Paulo, campus de Diadema, município da chamada Grande São Paulo. "Tanto para os problemas do corpo quanto do espírito, o homem primitivo usava os recursos da natureza, era tudo o que ele tinha."
Quanto ao mau-olhado, a doutora Eliana conta que ele foi observado já entre os sumerianos, que foi a primeira civilização humana conhecida, bem antes do antigo Egito ou da China. Os sumerianos acreditavam que um estranho, passando pela aldeia, deixava algo ruim e crianças adoeciam. Atribuíam isso ao olho gordo. Na Grécia antiga, havia uma deusa, a Medusa, dona de um olhar tão forte que bastava uma pessoa encará-la para tornar-se pedra. Para evitar o mau-olhado da Medusa, devia usar-se um amuleto, o "olho grego"-a figura de um olho sobre uma base de pedra ou metal - como proteção.
Depois de ter surgido na primeira civilização, o mau-olhado hoje está presente em todas as nacionalidades, havendo, em cada língua, uma expressão equivalente: "mal'occhio", para os italianos, "malos ojos", em castelhano, "evil eye", em inglês. Sempre significando uma coisa ruim que foi colocada pelo olhar de outra pessoa.
Não tendo uma causa material, a cura do mau-olhado também não está no mundo físico e logo alcança a religião. Em muitos ritos - catolicismo, budismo, induismo, religiões africanas, xamanismo (dos povos primitivos) -associa-se proteção espiritual à fumaça, em vários tipos de defumação, quase todas conseguidas com a queima de ervas secas, preferencialmente aromáticas.
"E aí acontece uma coisa muito interessante", diz a etno-botânica. "A ciência oficial está descobrindo agora que as plantas que são usadas para a defumação - as aromáticas, sobretudo - têm em seu óleo essencial um efeito ansiolítico, acalmando as pessoas e devolvendo a elas o equilíbrio perdido ou prejudicado por uma dor psicológica ou uma aflição."
Quer dizer, as pessoas angustiadas que vão atrás de uma defumação de fundo religioso para se aliviar de um sofrimento de causa espiritual (tipo mau-olhado) acabam recebendo, junto com sua fé, uma medicação ansiolítica equivalente àquela que o psiquiatria lhes daria no consultório. E mais barato, se não for de graça... E sem precisar engolir um comprimido que pode fazer mal ao estômago e até produzir úlcera.
alecrim
pimenta

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